sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sequestro de carbono

Pode parecer ruim, mas é essencial para promover a saúde no planeta, pois, é ele que garante a boa qualidade do ar

Yulia Amaral


Você sabe qual a importância do sequestro de carbono? O que você pensa a respeito da poluição que, nos últimos anos, parece que só aumenta? Você sabe quais projetos podem ser realizados para que a diminuição dela se torne concreta? Através do sequestro de carbono, é possível que haja uma esperança para que esse quadro seja revertido, pois, é através dele que as plantas e o solo absorvem o gás carbônico (CO2) – para eles, tão necessário – que tanto faz mal ao ser humano.
Naturalmente realizado pelas florestas e pelo solo, o sequestro de carbono dá-se quando há uma grande absorção do gás carbônico (CO2) presente na atmosfera. No caso da planta, quando está em fase de crescimento, uma grande demanda de gás carbônico está em evidência, pois a planta necessita absorvê-lo para transformá-lo em oxigênio e liberá-lo de volta. Esse processo natural auxilia na diminuição considerável da quantidade de CO2 na atmosfera, já que cada hectare de floresta em desenvolvimento pode absorver entre 150 e 200 toneladas de carbono.

De acordo com o meteorologista Iata Brandão, a composição do carbono pode contribuir para a abertura da camada de ozônio, destruindo as moléculas de O3, transformando em CO2. “O ozônio é responsável pela filtragem seletiva da radiação, prevenindo contra os raios ultravioletas. Quanto maior a emissão de carbono, mais moléculas se dispersarão”, disse a respeito dos fatores prejudiciais da emissão do gás no planeta.
Os ecossistemas terrestres onde estão compreendidos as florestas e o solo são considerados os grandes “ladrões” de carbono da atualidade, especialmente o solo. Isso acarreta no aumento da redução dos gases de efeito estufa, essenciais para manter o planeta Terra aquecido. É importante contribuir para o sequestro do carbono de todas as maneiras possíveis, começando pela preservação das florestas, pois, somente elas podem garantir uma fixação de carbono em longo prazo. Algumas medidas são consideradas eficazes na diminuição da grande quantidade de CO2 na atmosfera. Uma delas é a luta pela conservação de áreas naturais. A outra seria o plantio de árvores que possam servir de sequestradoras do gás carbono.

Protocolo de Kyoto

 Em 1997, uma reunião com 84 países na cidade de Kyoto, Japão, resultou na implantação do protocolo, que tem o objetivo de, através do estabelecimento de metas, encontrar soluções para a redução na emissão de gases estufa na atmosfera, o que vem gerando nos últimos anos, o problema do aquecimento global. O protocolo tem a intenção de reduzir as emissões de gases poluentes para diminuir o efeito estufa em 5% entre 2008 e 2012.
Algumas sugestões foram feitas pelo protocolo para que a redução seja atingida de maneira mais eficaz, como o uso de fontes de energia limpa (biocombustíveis, energia eólica, biomassa e solar), proteção de florestas e outras áreas arborizadas, melhoria no sistema de energia e transporte e diminuir a emissão de metano, presente em depósito de lixo orgânico.
Além disso, seria necessário que regras sobre a emissão de créditos de carbono fossem definidas.


 Créditos de Carbono

São certificados emitidos pelas agências que visam assegurar a proteção ambiental, autorizando o direito a emitir toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. As indústrias que mais poluem no Brasil são selecionadas para que cumpram metas estabelecidas para a redução da emissão desses gases. Com isso, as empresas recebem bônus, cotados em dólares, proporcionais às suas responsabilidades. As empresas que não cumprem as metas que foram determinadas podem comprar os créditos de carbono das outras que foram bem sucedidas.
Os certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias, no caso do Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os créditos de carbono são considerados como uma espécie de moeda ambiental, onde os países subdesenvolvidos, que não são tão poluídos, podem vender suas cotas para os países desenvolvidos que, por conta das indústrias, necessitam de uma boa quantidade de certificado. Créditos de carbono podem ser conseguidos por diversos meios, como projetos que absorvam os gases de efeito estufa da atmosfera, através do reflorestamento e de outras maneiras ecologicamente possíveis.
Em Alagoas, a Usina Coruripe, localizada na cidade de Coruripe, a 85km da capital, é uma das indústrias selecionadas para cumprir metas estabelecidas para a redução dos gases poluentes. É também, no estado, uma das indústrias que mais acumula créditos de carbono. Com o intuito de reduzir e incentivar a preservação do meio ambiente, foi criado, em 2005, o Instituto para o Desenvolvimento Social e Ecológico (Idese). Com isso, a usina adaptou uma grande área verde ao seu território.
O engenheiro ambiental e coordenador do Sistema de Gestão Ambiental na Usina Coruripe, Valdir Costa, declarou que “o Idese foi criado para gerar as ações socioambientais da empresa. Algumas são voltadas à comunidade através de um programa de ambientalização realizado. Os projetos incluem a preservação da mata, o plantio de mudas, a conservação de nascentes e a proteção às áreas que não podem ser degradadas”.

 Área Verde 

De acordo com recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), as cidades devem ter, no mínimo, 12m² de área verde por habitante para ser considerada arborizada, sendo de fundamental importância para melhorar a qualidade de vida da população. As árvores contribuem não só para diminuir a poluição visual da cidade, como também a sonora, diminuindo a reverberação do som e atmosférica, removendo partículas e gases poluentes.
A poluição na capital alagoana é um fato preocupante nos últimos três anos. Um levantamento feito pela Sempma (Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente) em Maceió em 2006, mostra que a cidade possuía apenas 3m² de área verde por habitante, quatro vezes menor que o recomendado pela OMS. Para melhorar esse índice, a prefeitura procura desenvolver projetos ambientais desde 2005.

Maceió Mais Verde 

Visando aumentar a quantidade de CO2 absorvido pelas árvores em Maceió, assim, diminuindo a poluição, a Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) criou, em 2005, o Projeto Maceió Mais Verde, que tem como objetivo plantar um milhão de árvores na capital alagoana até o fim de 2012, a fim de conseguir índices cada vez maiores de arborização em Maceió. Um arborímetro foi instalado na Avenida Fernandes Lima para contabilizar o progresso na quantidade de árvores plantadas que, atualmente, ultrapassa o número de 330 mil.


Arborímetro em contagem do número de árvores plantadas
Foto: Yulia Amaral
No Parque Municipal, localizado no bairro Bebedouro, numa reserva da Mata Atlântica, foi criado, pelo projeto Maceió Mais Verde, um espaço intitulado “Floresta da Fama”, em função da contribuição para o plantio de árvores na capital. É destinado especialmente a personalidades que visitam a cidade, sejam músicos, atores ou políticos. As mudas plantadas por eles são identificadas com uma placa contendo o nome do artista e a data em que foi plantada.
Fazendo parte do Projeto, existem ações como “Condomínio Verde”, que planta árvores em áreas disponíveis em condomínios, a “Frutas da Terra”, que prioriza a plantação de doze espécies de árvores frutíferas regionais, além da arborização de escolas públicas e particulares, conjuntos habitacionais, canteiros e praças. Um exemplo de uma das ações é o corredor da Avenida Fernandes Lima, que passou por um processo de arborização em sua maior parte.


Canteiro da Av. Fernandes Lima, um dos locais onde se investiu na arborização.
Foto: Yulia Amaral
Segundo o engenheiro ambiental Alder Flores, o projeto deve ser visto como uma importante ação do poder público municipal, visto que, os estudos indicam que Maceió é carente de área verde. Disse, ainda, que “um programa destinado à arborização da cidade se traduzirá em benefícios para o meio ambiente, onde o ser humano deve ser o mais protegido”.

Disque Árvores

 No dia 5 de junho de 2010, quando foi comemorado o dia do Meio Ambiente, a Sempma implantou o Disque Árvores, feito com o intuito de receber pedidos para plantio de mudas de árvore através de ligações. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h e visa incentivar a plantação de árvores na capital de Alagoas, a fim de contribuir com o Projeto Maceió Mais Verde.
Fatores como a largura da calçada e a proximidade da fiação elétrica são levados em consideração na hora de plantar as mudas solicitadas pelos moradores de Maceió. As árvores são gratuitas e o plantio é realizado por equipes da própria Sempma. A quantidade de mudas fornecidas não é limitada, podendo ser ou plantas encontradas na Mata Atlântica, ou frutiferas, das que fazem parte do Projeto Frutas da Terra. O plantio será feito com até três dias úteis após a ligação, e o morador deve assinar um termo de adoção, tornando-se responsável por cuidar da planta. Para obter uma muda, deve-se ligar para 0800-082-8000 begin_of_the_skype_highlighting            0800-082-8000      end_of_the_skype_highlighting.


Falmboyant, protegida pela prefeitura
Foto: Yulia Amaral

A auxiliar administrativa Patrícia Sátiro, moradora do bairro Pajuçara, foi uma das pessoas que fez a solicitação de mudas. Ela pediu uma espirradeira e plantou na calçada de casa, e ficou muito satisfeita com o atendimento. “É importante contribuir com o meio ambiente e uma ótima maneira de fazer isso é plantar novas árvores. Além de aumentar a quantidade de oxigênio na atmosfera, diminui os poluentes que são tão prejudiciais à saúde do ser humano”, destacou sobre a importância de ter uma atitude como essa.

 Termo de Compensação Vegetal

 Em 2007, a Sempma baixou uma Instrução Normativa fixando as regras para o Termo de Compensação Vegetal (TCV) referente aos desmatamentos que ocorrem em Maceió, seja em função de obras, ou da necessidade de derrubar uma árvore, caso apresente risco de cair ou uma situação previamente analisada pela própria secretaria. O TCV procura amenizar o impacto ambiental, compensando a agressão ao meio ambiente através do plantio de outras espécies, preferencialmente no local da obra, ou o mais próximo possível. A secretaria ainda exige que, a cada 40m² de construção, mesmo que não haja desmatamento, seja plantada, no mínimo, uma árvore.
A Sempma criou uma tabela que determina a quantidade de mudas a serem plantadas para a compensação em cada caso em específico. Ou seja, o requerente do desmatamento deve assumir o compromisso de compensar o impacto gerado pela atividade que será realizada no local. Ele também precisa pedir autorização para derrubar uma árvore. Para cada árvore derrubada, o responsável precisa se comprometer a plantar, pelo menos, outras três. A quantidade vai depender da espécie, do diâmetro do caule e a altura da planta. Essas medidas servem para disciplinar as intervenções nas Áreas de Preservação Permanente (APP) e nas Áreas de Interesse Ambiental.


Moradores fazem suas contribuições particulares plantando árvores e plantas em suas casas
Foto: Yulia Amaral

  Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental

É um instrumento administrativo, geralmente adquirido pelos órgãos públicos, que visa fazer acordos entre o órgão que fiscaliza e assegura a preservação da conservação e aquele que, ou está para causar algum prejuízo ao meio ambiente, ou já causou. O causador dos danos deve estar ciente do mal que está cometendo em relação ao meio ambiente e se compromete a deixar de causar o dano, ou recuperar o ambiente à sua maneira original.
De acordo com o artigo 225 da atual Constituição Federal, “todo cidadão tem direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado”. Em Maceió, a Sempma, que adotou a execução desse termo, converte parte do valor da multa a ser pago em investimento na arborização da cidade, incluindo a compra de mudas, a plantação e a manutenção das plantas, feitas por equipes da secretaria.

Iniciativa Verde

A partir de um programa que calcula a quantidade de gás carbono que cada pessoa emite anualmente, é possível saber de que maneira compensar essa emissão. No site www.iniciativaverde.org.br/pt/calculadora, o interessado em calcular seu gasto coloca as informações sobre o uso de combustível no automóvel, consumo mensal de energia elétrica e até viagens aéreas. De acordo com o que for preenchido nos campos solicitados, o site calcula a quantidade de árvores que a pessoa deve plantar para compensar o uso de CO2.
É importante que não só a população esteja engajada com a luta pela redução dos gases do efeito estufa, como principalmente as autoridades, trabalhando no desenvolvimento de projetos que auxiliem no sequestro de carbono que precisa ser realizado pelas plantas e pelo solo. Só assim, será possível que o planeta fique ecologicamente mais saudável, não só agora, como pelas próximas gerações.

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