sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

6º período de jornaliismo encerra editoria de 2010-2 do Cesmac InFoca

Laíse Moreira

Quase seis meses depois de começar a experiência de escrever no primeiro blog de comunicação do Cesmac, nós estamos deixando o "cargo" para que os colegas, que chegam ao 6º período do curso de Jornalismo do Cesmac, também possam aprender como nós aprendemos.

Uma ideia, um filho, uma responsabilidade nos foi dada quando o blog virou realidade. Recebemos a confiança que nos deram como uma grande honraria e como um desafio. Agora, sabendo que deu certo e que atingimos o nosso objetivo, somos tomados pelos sentimentos de satisfação, felicidade e já de saudade.

Sim, saudade, já que deixaremos de escrever periódicamente neste blog. Mas nós não nos afastaremos muito: estaremos sempre dispostos a contribuir com esse filho que ajudamos a criar, construir e alimentar.

O nosso agradecimento especial vai, claro, para aquela que nos guiou nessa ideia: a professora, amiga e as vezes mãe Silvia Falcão. Ela sabe o valor e a importância que tem para as nossas vidas e formação profissional.

Todas as suas broncas foram aceitas com o maior carinho e respeito, porque se fizeram necessárias para o nosso crescimento. Obrigada Silvia Falcão!

Falo por mim, mas tenho certeza que também falo pela turma, quando destaco que outra pessoa merece ser agradecida especialmente. Essa pessoa é para nós um ponto de referência. Ticianeli, você também é nosso professor. Queria dizer que nós aprendemos a respeitá-lo com amizade e carinho. É bom ter você e suas experiências junto conosco.

Por fim agradecemos ao Cesmac, por nos ajudar com esse espaço, que dá a visibilidade necessária para nos estimular cada vez mais.

Essa não é uma despedida do blog. Agora o novo 6º período irá editar o Cesmac Infoca. Esperamos que eles cuidem da nossa criança como nós cuidamos dela.

Até logo, queridos leitores.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Douglas Apratto recebe comenda da Fapeal

Ascom

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) outorgará uma Comenda de Mérito, em comemoração aos seus 20 anos de existência, ao professor doutor Douglas Apratto Tenório pelo reconhecimento aos seus relevantes serviços à instituição e à pesquisa científica.

A solenidade de entrega da Comenda será realizada na próxima segunda-feira (20), às 19h30, na Casa da Palavra. Na ocasião, outros professores doutores alagoanos também serão homenageados. São eles: Antônio Euzébio Goulart Santana; Cícero Péricles de Carvalho; Edna Peixoto Rocha Amorim; Eliana Maria Maurício da Rocha; Gilberto Fontes; Hilário Alencar da Silva; Luiz Antônio Ferreira da Silva, Marcelo Leite Lyra, Maria Denilda Moura, Marília Oliveira Fonseca Goulart; Salete Smaniotto; Severino Pereira Cavalcanti Marques; e Tereza Cristina dos Santos Calado.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cesmac espera mais de 7 mil feras no Vestibular 2011.1

Ascom

O Centro Universitário Cesmac deve receber mais de 7 mil candidatos no próximo Vestibular 2010.1 cujas provas serão realizadas no domingo (12) – um número 6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. No total, o processo seletivo da instituição de ensino superior dispõe de 2,4 mil vagas distribuídas em 26 cursos de graduação.

O Vestibular 2011.1 do Cesmac traz como novidade o lançamento do curso de Serviço Social que já desponta com uma concorrência de quase dois candidatos por uma vaga, o que corresponde a cerca de 100 inscritos.

As provas do processo seletivo serão iniciadas a partir das 8h15. Entretanto, a direção do Cesmac recomenda aos feras que cheguem uma hora antes ao local de aplicação das provas, em função do intenso tráfego que ocorre nas vias de acesso no dia do vestibular. Os candidatos devem estar munidos do cartão de inscrição e carteira de identidade original. Os portões dos prédios onde serão realizadas as avaliações fecham pontualmente às 8h.

O vestibular do Cesmac tem duração de 4 horas. O candidato terá de escrever uma redação de caráter eliminatório e responder a 65 questões de múltipla escolha sobre conhecimentos gerais, envolvendo o conteúdo de disciplinas como geografia, matemática, língua estrangeira, história do Brasil e de Alagoas, por exemplo. Quem faz a correção das provas é uma comissão formada pelos professores do Cesmac. Os resultados serão divulgados a partir das 16h da segunda-feira (dia 14).

Os feras do Cesmac não poderão fazer as provas usando bonés, chapéus, tocas, óculos escuros, celulares, aparelhos eletrônicos, calculares, bips, bolsa e etc... Só é permitido o uso de canetas nas cores pretas e azuis. Para segurança dos candidatos, serão utilizados detectores de metais nos locais de realização das provas, bem como identificadores de digitais.

O curso mais concorrido nesta edição do vestibular Cesmac é o de Engenharia Civil (vespertino), que conta com 6,38 candidatos por vaga. O segundo curso mais disputado é o de Enfermagem que detém 5,07 concorrentes por vaga. Por outro lado, o curso que concentrou o maior número de inscritos foi o de Direito para o período noturno, com mais de 545 candidatos – o número de concorrentes por vaga é de 4,54 (ver tabela com número de concorrentes).

Este ano houve um aumento na procura pelos cursos de Odontologia, com 3,13 concorrentes por vaga e no de Enfermagem no campus de Palmeira dos Índios que detém concorrência de 3,08 por vaga.

Os mais concorridos do Cesmac:

Engenharia Civil (Maceió/Vespertino) - 6,38 candidatos por vaga

Enfermagem (Maceió/Matutino) - 5,07 candidatos por vaga

Direito (Maceió/Noturno) - 4,54 candidatos por vaga

Direito (Maceió/Matutino) - 3,73 candidatos por vaga

Direito (Arapiraca/Noturno) - 3,39 candidatos por vaga

Odontologia (Maceió/Vespertino) - 3,13 candidatos por vaga

Enfermagem (Palmeira dos Índios/Vespertino) - 3,08 candidatos por vaga

Engenharia de Produção (Maceió/Noturno) - 3,00 candidatos por vaga

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O homem da capa preta

Por seu estilo carismático e polêmico, em função de sua fama de praticar atos violentos para resolver suas contentas, Tenório Cavalcanti dominou a Baixada Fluminense por quase 30 anos

Jeanne Farias

Esse não vai ser como os outros! Não vai para o cabo da enxada! Com essas expressões, Antonio Cavalcanti parecia vaticinar o futuro do pequeno Natalício, ao vê-lo debruçado sobre livros, num ambiente hostil aos processos educativos, ainda na década de 1910. Se estivesse vivo, Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque teria completado 100 anos no dia 27 de setembro de 2009. Tema de livros e de filme, o homem de origem simples ficou nacionalmente conhecido pela violência que sempre acompanhou a sua vida.

Migrante nordestino como tantos outros que deixavam sua terra em busca de melhoria de vida, Tenório Cavalcanti, ao longo do tempo se tornou político, advogado e jornalista, construindo sua história a partir da chegada à Duque de Caxias, povoado da Baixada Fluminense, pertencente ao município de Nova Iguaçu (RJ), para se tornar um mito. Ele foi uma lenda, construída pela força das armas, argumento mais convincente para se impor naquela região violenta.

A vida de Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta, como ficou conhecido nacionalmente, sempre foi marcada pelos embates constantes contra adversários, principalmente em decorrência da disputa pelo poder político na região. Político da escola populista, ele acabou se transformando numa espécie de Rei da Baixada, sempre ajudando aos carentes em momentos de maior necessidade, como após uma catástrofe que se abateu sobre a região, quando a sua presença foi decisiva, antecipando-se às ações do poder público, através da doação de roupas, medicamentos, alimentos e até terrenos para reconstrução das casas destruídas pelo temporal.

A origem humilde

Nascido no dia de São Cosme e São Damião (27 de setembro), santos da devoção de muitos brasileiros, o menino Natalício veio ao mundo no ano de 1909. A escolha do seu nome foi em homenagem ao padrinho, deputado Natalício Camboim. Filho do agricultor Antônio Tenório Cavalcanti de Albuquerque e da costureira Maria Cordeiro, moradores do povoado de Bonifácio, município de Quebrangulo (AL), era um menino inteligente e perspicaz. Aos cinco anos pediu ao pai para estudar, passando a ser um aluno exemplar e muito aplicado, ao ser alfabetizado, surpreendia o pai com sua capacidade de ler com tanta facilidade.

Antônio Tenório era 15 anos mais novo do que sua mulher, a quem chamava de Mariquinha. Sanfoneiro gostava muito de festas e, naturalmente, era chegado a um “rabo-de-saia”. Esses envolvimentos constantes com mulheres acabou lhe custando à vida. A versão oficial da morte do agricultor teria sido disputa de terras, fato aceito pela mulher dele, para não denegrir a sua imagem. Ao ver o pai assassinado, Natalício, aos 11 anos, jurou vingança, costume em voga no Nordeste, tipo Lei de Talião.

Um ano depois da morte do pai, envolveu-se em confusão com o filho do suspeito de ser o assassino de Antônio Tenório e foi aconselhado a esconder-se na casa do fazendeiro Felino Tenório, seu tio e um dos homens mais importantes do município de Quebrangulo. Durante o período em que esteve refugiado na casa do parente, Natalício aproveitou para ler os jornais e revistas que encontrava, o que acabou por despertar seu interesse pelas cidades grandes como o Rio de Janeiro e São Paulo. Quando a poeira baixou, ele retornou a Bonifácio, vendendo todos os seus bens, transferindo-se depois com a família – a mãe e a irmã Josefa – para a localidade conhecida como Serra da Mandioca, no vizinho município de Palmeira dos Índios, onde passou a cuidar de um armazém da família e continuar estudando, mas o sonho de viver na cidade grande não saiu de sua cabeça.

A chegada a cidade grande

Engrossando a leva de migrantes que partiam para as grandes cidades do Sul e do Sudeste do Brasil, o menino pobre, agora adolescente, chega à capital da república.

A história mostra que os migrantes que aportavam nas grandes cidades, como a do Rio de Janeiro. Chegavam exaustos e famintos. As vestes eram trapos, e as poucas bagagens que levavam, se resumiam a sacos de açúcar ou velhos baús de madeira. Nesse cenário, desembarca Tenório Cavalcanti com pouco dinheiro dado pela mãe, e uma carta de apresentação para seu padrinho. Em meio a tantos sentimentos, às vezes antagônicos, como, a esperança e a certeza do fracasso, ele não desiste de seu sonho, o persegue e é bem sucedido.

Ao chegar à cidade grande, Natalício descobre que seu padrinho encontra-se em Alagoas cuidando da campanha política. O desencontro lhe causa frustração, e ele Passa a primeira noite sob os Arcos da Lapa sem saber ainda o que fazer. Para sua sorte um conterrâneo encontra-o e o aconselha a procurar uma pensão onde pudesse deixar sua pequena bagagem e descansar da estafante viagem. Na primeira noite na pensão foi roubado, então precisou recorrer a um parente que morava distante e, com a conhecida solidariedade nordestina, deu-lhe casa e comida enquanto ele cuidava da vida.

Naquela altura, qualquer emprego era bem vindo. Foi lavador de garrafas, faxineiro no Hospital Müller dos Reis, em Santa Teresa, copeiro e zelador de pensão, porteiro de hotel e motorista de caminhão de uma loja, enquanto estudava a noite, concluindo o curso primário no Colégio Pedro II. Por intermédio do padrinho, em 1928, recebeu um convite do engenheiro Hildebrando Góis para assumir o cargo de diretor de Obras do Departamento de Portos, Rios e Canais.

Muito novo, com apenas 19 anos, precisou impor respeito para ganhar a liderança dos peões que estavam sob seu comando. Um domingo, quando estavam todos reunidos, bebendo e se divertindo, Natalício entregou seu revólver a um dos presentes, dizendo: “Atira contra meu peito hôme”, abrindo a camisa e indicando o coração. O homem relutou um pouco, mas depois respondeu: “Se você ‘tá pedindo, vou atirar”. Assim ele efetuou um disparo e depois outro, sem que nada acontecesse ao destemido alagoano, que pegou seu revólver de volta e atirou em um mamão espatifando a fruta. Em seguida ele disse: “Eu tenho é o corpo fechado e nada de ruim vai me acontecer”, o peão se assustou e retrucou: “Vixe! Isso é coisa do capeta”. Foi assim que ele ganhou fama de ter o corpo fechado por alguma mandinga muito forte. Muitos anos depois, ele confessou ter substituído as duas primeiras cápsulas de sua arma, por balas de festim, daí, ter escapado ileso.Para completar a fama do corpo fechado, Tenório rezava diariamente, ao sair de casa, uma oração aprendida em sua terra natal, que lhe dava muita confiança.

Oração pela vida

“No topo do calvário tem uma cruz. Travesseiro e cama de meu bom Jesus. A cama, de onde meu bom Jesus dormiu e se deite sobre mim. Me defenda de todo perigo. Nada contra mim, ninguém contra mim. Que meus inimigos se afastem de mim, que nenhuma bala me mate. Nenhuma faca me fira. Não me aconteça mal algum. Mal olhado não me enfraqueça e o medo não me desvaneça. Meu bom Jesus. Amém”.

O mítico Tenório Cavalcanti

Embalado pela fama de desassombrado, o nome Tenório Cavalcanti passou a ser respeitado e temido pela sua coragem extraordinária. Logo foi contratado para administrar as terras de ricos fazendeiros em Petrópolis, região de muitos conflitos, durante a construção da rodovia Rio-Petrópolis, onde a disputa por um palmo de chão era violenta. A valorização dos terrenos e as demarcações causaram conflitos e choques armados que resultaram em várias mortes, o período foi marcado por muita violência e o nome Tenório Cavalcanti ganhou mais destaque e prestígio. Seus serviços foram requisitados para prestar proteção a políticos e pessoas influentes, como foi o caso do presidente Washington Luiz, em uma visita à região.

Casamento e política

A guinada chega com a formação de uma família, e os destemperos da vida pública cercada de inimigos e violência

Com a popularidade adquirida e o ciclo de relações influentes, administrar terras alheias não tinha mais sentido, Tenório sonhava mais alto. A virada de sua vida deu-se a partir do casamento com Walquíria Lomba, moça fina e elegante, nascida na alta sociedade da região, em família de tradicional militância política, com quem teve três filhas. Assim ele deixou a antiga profissão e com a rescisão de contrato, colocou seu próprio negócio, uma loja de material de construção.

Fixando-se na Baixada Fluminense, em 1936, iniciou sua vida política, quando se filiou à extinta União Progressiva Fluminense (UPF), elegendo-se vereador pelo município de Nova Iguaçu, representando o distrito de Caxias. O carisma, o destemor e a grande visão política, fizeram dele um líder natural da região, o que passou a incomodar os “donos” do poder. Começaram então as perseguições, provocações e as tentativas de levá-lo à prisão por seu passado de envolvimento com a violência.

O Delegado Joaquim Peçanha, derrotado nas eleições de Caxias, instigado por políticos, acabou por colocar Tenório na cadeia. Ao ser libertado, Tenório sofreu um atentado que o deixou enfermo durante seis meses, o crime fora atribuído ao Delegado que, algum tempo depois, foi encontrado morto dentro de um trem. Acusado de cometer o assassinato, Tenório volta a ser preso. Após quarenta dias foi beneficiado por um hábeas corpus, foi libertado, mas impedido de voltar a Caxias, se refugiou em Alagoas.

Em 1940 foi reeleito vereador por Caxias e em 1945, terminou o curso de Direito. Chegou à Assembleia Legislativa, em 1946, como deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito quatro anos depois. Em 1954, foi eleito Deputado Federal, obtendo nove mil votos. Na reeleição recebeu 42 mil votos. Em 1960, candidatou-se ao governo do Estado da Guanabara, recebendo duzentos e vinte mil votos, ficando em terceiro lugar, O governador eleito foi o jornalista Carlos Lacerda. No dia 13 de junho de 1964, seu mandato de deputado foi cassado por força do Ato Institucional nº 1, editado pelo Governo Militar, instalado naque ano, depois da deposição do presidente da República, João Goulart.

Lurdinha e capa preta

Dois presentes oferecidos por dois amigos, só fizeram aumentar o estilo mítico adotado pelo deputado Tenório Cavalcanti. Uma submetralhadora alemã, modelo MP-40, da segunda Guerra Mundial e uma inocente capa preta, utilizada pelos formandos de uma universidade portuguesa, criaram uma nova imagem aterrorizante do deputado. A arma foi-lhe oferecida pelo conterrâneo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, ministro da Guerra durante o governo do presidente Getúlio Vargas, e foi apelidada de Lurdinha, pelo motorista do deputado.

A capa foi trazida por um de seus apadrinhados, cuja formação em Direito ele custeou em Portugal. Toda preta, com forro vermelho, foi utilizada pela primeira vez em um comício e a sua aparição ostentando aquela nova indumentária, deixou a platéia fascinada. Tenório passou a ser chamado de o Homem da Capa Preta, pois, jamais saía de casa sem ela, porque também servia para esconder a “Lurdinha”, como ele chamava a metralhadora, amiga inseparável.

A vida de Tenório Cavalcanti no Rio de Janeiro sempre esteve ligada à violência, e na medida em que sua liderança política prejudicava o poder de outros mandatários, sua vida e a vida daqueles que o acompanhavam, corria perigo. Para se proteger da façanha dos inimigos, Tenório Cavalcanti construiu sua casa, uma verdadeira bastilha, na avenida governador Leonel de Moura Brizola (antiga estrada Rio – Petrópolis, no centro de Caxias. Em 1964, abrigou ali os então presidente e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), José Serra e Marcos Cerqueira, além do humorista Chico Anysio e da atriz e diretora de cinema Norma Benguel, dentre outros perseguidos pela ditadura militar, que buscaram abrigo seguro.

A Bastilha

A casa-fortaleza do deputado Tenório Cavalcanti, uma construção de 3.200 metros quadrados, no centro da cidade de Duque de Caxias, possuía, ao tempo de seu famoso proprietário: gerador de eletricidade, 12 telefones, 16 alto-falantes, 14 salas e quartos, nove banheiros, dois calabouços, tanques de oxigênio e depósito de alimentos. Os portões eram de aço. Na parte superior, a parede revestida de placas de aço com vários furos, por onde poderiam sair os canos das armas de seus defensores em caso de ataques da polícia, ou por inimigos do político. Os banheiros eram interligados por passagens disfarçadas um pouco abaixo do teto, que poderiam ser facilmente alcançadas utilizando-se os lavatórios como degraus. A entrada dos calabouços era protegida por uma falsa porta-cofre que disfarçava sua real utilização.

Através de decreto sancionado pelo prefeito do município de Duque de Caxias, a antiga fortaleza foi considerada de utilidade pública para fins de desapropriação. A prefeitura pretende transformá-la em museu, guardando a memória do deputado e parte da história do município. A fortaleza abrigará também um centro profissionalizante.

Caso Imparato

O delegado especial Albino Imparato, foi destacado especialmente para conter a qualquer preço a carreira do deputado Tenório Cavalcante na baixada fluminense. Um elenco de medidas arbitrárias foi tomado pelo novo delegado que, pretendiam a todo custo prender ou mesmo matar o parlamentar em caso de confronto armado. A fortaleza foi metralhada, os amigos e parentes passaram a ser hostilizados, enquanto o delegado procurava fechar o cerco.

Dia 28 de agosto de 1953, Imparato e seu assistente Bereco foram encontrados mortos, metralhados dentro do carro que utilizavam. O caso obteve repercussão nacional, e as investigações apontavam Tenório como responsável pelos dois crimes. A fortaleza e um apartamento que o deputado possuía em Copacabana, foram cercados pela polícia. Com a intervenção dos amigos Nereu Ramos, presidente da Câmara Federal, Afonso Arinos e Oswaldo Aranha, foi possível levantar o cerco.

Sarcasmo e valentia

Eu só mato homem! Com essa frase Tenório Cavalcanti guardou o revólver que tinha em suas mãos, apontado para o Deputado Antônio Carlos Magalhães, que a essa altura tremendo de medo, foi acometido por uma incontinência urinária. O motivo da briga foi causado por acusações do parlamentar, contra Tenório, enquanto ele discursava na tribuna da casa atacando violentamente o presidente do Banco do Brasil, Clemente Mariani, acusando-o de desvio de verbas. Foi quando ACM o interrompeu e o incriminou de protetor do jogo do bicho, de lenocínio e ladrão.

Por causa desse episódio, as armas de Tenório Cavalcanti, incluindo a famosa “Lurdinha”, foram apreendidas, após a cassação de seu mandato, por intervenção direta do deputado Antonio Carlos Magalhães, ligado ao governo militar, vingando-se do fato anterior, ocorrido no plenário da Câmara Federal, quando fora ameaçado pelo homem da capa preta.

Luta democrática

Ainda em 1954, Tenório Cavalcanti veio a Alagoas, vendeu as terras da fazenda Xucurus, que possuía no município de Palmeira dos Índios, e fundou na cidade do Rio de Janeiro, o jornal intitulado “Luta Democrática”, que marcou uma nova etapa na história da imprensa no Brasil, fazendo um jornalismo popular de caráter sensacionalista. O jornal sempre fez oposição a vários governos. Durante a construção de Brasília, criticou o presidente Juscelino Kubitschek: “Enquanto isso, Brasília é o sorvedouro da renda nacional, suor e sangue de um povo empobrecido para que resplenda esse reinado da encarnação republicana de Luís XIV” (Luta Democrática, em agosto de 1958). Através do jornal ele fazia severas críticas aos seus inimigos, e abria espaço para o povo registrar suas reivindicações.

Este jornal abrigou e encaminhou bons jornalistas alagoanos que brilharam na imprensa nacional. Alguns lá chegaram espontaneamente, procurando crescer, outros foram levados por perseguições políticas. A todos, Tenório deu guarida, ajudou no que foi possível, encaminhando-os na vida profissional. Desses alagoanos que trabalharam na “Luta Democrática”, destacam-se dentre outros: Ivan Barros, que depois foi para a revista Manchete, José Alves Damasceno, José Jurandir e José Machado.

Decadência do mito

Depois da cassação e da perda dos direitos políticos, começou o declínio do Homem da Capa Preta, ele, que já exercia tanto poder sobre sua região pelo trabalho assistencial que desenvolveu durante vários anos, e chegou a ser chamado de o Rei da Baixada Fluminense. Era amado pelo povo que ajudou, e odiado pelos adversários políticos que queriam ver o seu fim.

O exercício de sua atividade política era baseado nas relações pessoais, os interesses giravam em prol do favorecimento de pequenos grupos. Durante toda sua vida ativa, tratou muito bem dos necessitados, dando-lhes tudo o que era preciso, substituindo, por vezes, as obrigações do poder público, quando se antecipava às ações, nos casos de calamidades.

O desinteresse pela política veio a partir da derrota sofrida na disputa pelo governo do Estado da Guanabara, quando teve de amargar um terceiro lugar na votação. Em seguida, a cassação do mandato de deputado federal, e a perda dos direitos políticos, parecem ter sepultado os seus anseios políticos.
Crime do Sacopã

Como advogado Tenório Cavalcanti atingiu o auge quando assumiu a defesa do tenente Alberto Jorge Franco Bandeira, acusado de assassinar o bancário Afrânio Arsênio de Lemos, ex-funcionário do Banco do Brasil, fato ocorrido em abril de 1952, tendo como figura central a jovem Marina Andrade Costa, então namorada do oficial. Este caso, conhecido nacionalmente como “O crime do Sacopã”, graças à cobertura jornalística através da revista “O Cruzeiro”, mobilizou a atenção do país inteiro durante muito tempo.

Condenado 15 anos de prisão a ser cumpridos na Penitenciária Central do Rio de Janeiro, o tenente Bandeira foi para o presídio protestando inocência, sem que pudesse provar suas alegações. Tempo depois, Tenório Cavalcanti conseguiu reabrir o caso tentando provar a inocência de Bandeira, e colocá-lo em liberdade condicional. Em 1972, o Supremo Tribunal Federal anulou o julgamento por falhas jurídicas. O crime prescreveu em 1975, e Bandeira nunca voltou a julgamento.

Deputado pistoleiro

O jornalista David Nasser, da revista “O Cruzeiro”, edição de 15.10.1960, tece críticas sobre a vida violenta de Tenório Cavalcanti, cita seus crimes de morte, chamando-o de “Deputado pistoleiro”. Em carta ao jornalista, Tenório rebateu suas acusações. A seguir, trecho da resposta do parlamentar:

“Um menino que injúria, você David, fustiga-me e me provoca, como se eu gostasse de rinha. Diz que não tem mêdo de mim, e eu me rio e passo, gozando a injúria da criança e gostando da sua coragem, porque o corajoso não me atemoriza e, sim, o que tem mêdo. “O homem que mais me apavorou não foi o que me descarregou o revólver “Colt” de frente, e a quem abati em luta limpa. Mas um covarde que fêz, da tocaia, a cama. O corajoso disputou a vida como homem. O covarde armou-me 14 emboscadas. O primeiro foi esquecido. Teve enterro, mas não teve um pedestal na opinião dos que me acusam; o segundo foi imortalizado como vitima”.

Entrevistas e livros

O repórter Arlindo Silva, da revista “O Cruzeiro”, publicou em 1954, uma reportagem seriada, intitulada “Memórias de Tenório Cavalcanti”, contando desde sua origem até a vida política na Baixada Fluminense, construída a ferro e a fogo. O entrevistado abriu seu coração e contou tudo, confessando até que aos 47 anos de idade carregava 47 ferimentos de bala espalhados pelo corpo. Aceitou discutir casos polêmicos como a morte do delegado Imparato, apresentando elegantemente as suas versões, quase sempre contestadas pelos adversários políticos.

A figura fascinante de Tenório Cavalcanti foi contada ainda por suas filhas Maria do Carmo Cavalcante Fontes (“Tenório - O Homem e o Mito" - 216 páginas, Editora Record) e Sandra Cavalcanti Freitas Lins ( “Meu Pai, Tenório”) e por Israel Beloch no ensaio "Capa Preta e Lurdinha - Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada", (desenvolvida como dissertação de mestrado). Tenório Cavalcanti faleceu no dia 7 de maio de 1987, em sua residência, no Rio de Janeiro, vitimado por uma pneumonia.

A biografia no cinema

O filme “O Homem da capa preta”, de Sergio Rezende (1986), estrelado por José Wilker, mostrou ao Brasil moderno a personalidade de Tenório Cavalcanti, um tipo de líder político da metade do século passado, que marcou época, deixando seu nome gravado na história do Rio de Janeiro, especialmente, na área conhecida como Baixada Fluminense, onde mandou e desmandou por quase 30 anos. Após assistir ao filme sobre sua vida, fez o seguinte comentário: Tá um pouco exagerado, mas cinema é assim mesmo.

O centenário

O centenário de nascimento de Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, ocorrido no ano de 2009, foi comemorado especialmente em Palmeira dos Índios, terra que o acolheu ainda muito jovem, e de onde saiu para tornar-se famoso no Rio de Janeiro e uma figura polêmica que sempre despertou discussões por todo o país.

Em Palmeira dos Índios as comemorações tiveram como ponto alto durante a sessão solene realizada na Casa Museu Graciliano Ramos, a presença de várias autoridades e convidados especiais, como, duas das filhas do homenageado, Vilma Tenório, residente no Rio de Janeiro, e Amparo Tenório Cavalcanti que reside em Maceió, além de sobrinhas e netas do político. O jornalista Laurentino Veiga, presidente da Associação Alagoana de Imprensa, incumbiu-se da palestra sobre a vida e a obra de Tenório.

A Câmara Municipal de Duque de Caxias, através de uma sessão especial realizada no dia 6 de maio, também homenageou Tenório Cavalcanti considerado um ícone na história política brasileira. O evento contou com palestra da professora de história Marlucia de Souza e ainda com uma mostra de imagens e objetos que pertenceram ao político alagoano e que ficaram expostas à visitação pública, no Instituto Histórico da Câmara Municipal.

Teatro amador do Cesmac estreia nesta quarta O Burguês Fidalgo

Ascom

O Centro Universitário Cesmac estréia nesta quarta-feira (1º) a montagem da peça O Burguês Fidalgo, do dramaturgo francês Jean Baptiste Poquelin, mais conhecido como Moliére – o mestre da comédia satírica. O espetáculo será encenado no Teatro do Sesi, com entrada gratuita, também nos dias 3 e 5, sempre às 20h. A narrativa será levada ao palco pelo grupo de teatro amador da instituição de ensino superior, sob a direção de Homero Cavalcante.
Este já é o quarto espetáculo produzido pelo Cesmac, em parceria com o diretor, ator e dramaturgo alagoano. Em 2007, Homero Cavalcante dirigiu a montagem do Auto da perseguição e morte do Mateu, de autoria de Luiz Gutemberg; em 2008, foi a vez de encenar Calabar: sonho e liberdade, de autoria do própria. No ano passado, ele assinou a direção da peça Comeram Dom Pero Fernão de Sardinha, do professor e historiador, Luis Sávio de Almeida.

Homero Cavalcante Nunes foi um dos fundadores da Associação Teatral das Alagoas (ATA), ao lado da atriz Linda Mascarenhas e do ator Ronaldo de Andrade. Ele também é professor de interpretação nos cursos de teatro da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). De produção fecunda, Cavalcante é autor de vários textos para teatro, entre eles, “Quando se deu o eclipse”, “A princesa Dorotéia”, “Com os burros n’água”, “Uma noite de natal”, além de “Calabar: sonho e liberdade” e “Eira, beira e ramo de figueira ou Dona Moça solteira” – ambos publicados em livro pelo Cesmac em abril do ano passado.

Sobre a peça

O Burguês Fidalgo é uma comédia de costumes que conta a trajetória de um rico padeiro chamado Jordão que sonha em fazer parte da nobreza, mas desconhece as regras sociais da aristocracia. Com muito humor, o enredo mostra a situações ridículas vividas pelo personagem central da trama na busca pela adequação e ascensão social.

Jordão não economiza dinheiro ou esforços para se tornar membro da nobreza. Para tanto, contrata professores de música, dança, artes marciais e filosofia, que brigam entre si para ver quem leva mais vantagem sobre o rico padeiro.

Embora tenha sido escrita em 1670, a peça ainda é bastante atual porque reflete as contradições e as tolices daqueles que tentam parecer o que não são, ou tentam negar suas origens sociais.

Molière nasceu em Paris no ano de 1622. Ele não apenas era dramaturgo como também ator, diretor e dono de uma companhia de teatro, a L’Illustre Tréâtre, em sociedade com os Béjarts - uma família de atores. Sua obra é ampla e inclui clássicos como Tartufo, O Avarento, o Marido Confundido, O Misantropo e O Doente Imaginário. Em comum, seus enredos revelam uma olhar mordaz e satírico sobre o comportamento social de sua época.

O artista morreu em 1673, depois de sofrer um colapso durante a apresentação da peça O Doente Imaginário. Sua esposa, Armande Béjarts, teve que implorar ao Rei Louis XIV que intercedesse junto ao Arcebispo de Paris para que o pudesse enterra-lo, um direito ao qual os atores tinham de abdicar ao escolher tal profissão

SERVIÇO

O Burguês Imaginário, de Moliére
Grupo de teatro amador do Cesmac, sob direção de Homero Cavalcante
Em cartaz: Teatro do Sesi – Pajuçara
Quando: dias 1, 3 e 5 de dezembro, às 20h
Entrada gratuita

Cepa recebe Semana Alagoana de Astronomia

Atividades começaram segunda e se estendem até o próximo sábado, dia 4

Repórter: Ricardo Moresi
Foto: Valdir Rocha

Realizar atividades para que toda sociedade alagoana usufrua de momentos de experimentação através da observação celeste, da construção de conhecimentos e da motivação para o estudo das ciências, em especial da Astronomia. Estes são os objetivos da Semana Alagoana de Astronomia que começou nesta segunda-feira, dia 29, no Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL), no Centro de Ciências e Tecnologia da Educação Prof. Dr. Edmilson de Vasconcelos Pontes (CeCiTE), nas dependências do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepa), no bairro do Farol, em Maceió.

De acordo com Adriano Aubert Barros, professor da rede pública estadual e coordenador do Observatório Astronômico, a Semana Alagoana de Astronomia se estende até o próximo sábado, dia 4 de dezembro. “Este evento é comemorado em vários estados do Brasil no início do mês de dezembro, pois no dia 2 comemora-se o aniversário de D. Pedro II, monarca brasileiro que apoiou e estimulou a prática da ciência, em especial da Astronomia, em nosso país”, revela.

Programação

As atividades começaram na segunda-feira com a Exposição Paisagens Cósmicas e, também, observação do céu com telescópios. Na terça-feira, dia 30, aconteceu a palestra “Podcast Astroshow”, com o professor Luiz Lima do Nascimento.

Na quarta-feira, dia 1, das 19h às 22h, os visitantes poderão conferir a Exposição Paisagens Cósmicas e fazer observação do céu com telescópios. Na quinta-feira, dia 2, das 9h às 12h, será realizada uma oficina de Planisfério e Constelário e apresentações do Planetário. À tarde, das 14h às 17h, haverá a exibição do vídeo de Olho no Céu e lançamento de foguetes de garrafa Pet. À noite, das 19h30 às 22h, será realizada a palestra “D. Pedro II, o príncipe filósofo e Astronomia no Brasil. Este momento será conduzido por Kizzy Alves Resende.

Na sexta-feira, dia 3, das 9h às 12h, haverá a apresentação de trabalhos do Programa de Iniciação Científica em Astronomia – IniCiA. À tarde, das 14h às 17h, será feita a exibição do vídeo “Um Pálido Ponto Azul”. À noite, das 19h30 às 22h, será realizada a palestra “Exoplanetas e a possibilidade de vida extraterrestre”, que será ministrada por Romualdo Arthur Alencar Caldas.

No sábado, das 9h às 12h, haverá a exposição Paisagens Cósmicas e apresentação do filme “Contato”, de Carl Sagan. À tarde, das 14h às 17h, exibição do vídeo “Constelações”. À noite, das 19h30 às 22h, haverá a palestra “Um ano de atividades do Observatório Astronômico Genival Leite Lima. Este momento será conduzido pelo professor Adriano Aubert Silva Barros.

Adriano acrescenta ainda que Semana Alagoana de Astronomia conta com o apoio da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE), 15ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Usina Ciência da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas (CEAAL) e a Secretaria de Estado da Ciência da Tecnologia e da Inovação (SeCTI-AL).