quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Navegar é preciso

IMA faz ajustes no projeto antes do barco-escola entrar em funcionamento regular


Edberto Ticianeli
Fotos: Edberto Ticianeli

Após o passeio inaugural, no dia 23 de setembro, que apresentou o barco-escola aos universitários, jornalistas e professores, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas vem estudando a experiência para poder iniciar, com regularidade, as aulas do projeto Navegando com o Meio Ambiente. A iniciativa é coordenada pela Divisão de Educação Ambiental do IMA e teve o apoio da Braskem na construção do barco, que tem capacidade para 100 pessoas.

A equipe de professores do barco é composta por dois biólogos, um geógrafo e um educador ambiental. Eles farão três passeios semanais com alunos da rede pública, para que conheçam o estuário das lagoas Mundaú e Manguaba, e a situação de degradação de alguns dos seus pontos, como o canal do Trapiche. O IMA pretende segmentar esse público em crianças, estudantes do nível médio e universitários.

O diretor-presidente do IMA, Adriano Augusto de Araújo Jorge, faz a previsão de que em um ano, mais de 15 mil alunos e mil professores já terão participado do projeto. “O nosso maior interesse é dar oportunidade para as pessoas conhecerem, para que elas se apaixonem e peguem para si a responsabilidade de preservar”, conclama. Ele espera, ainda, que a iniciativa sensibilize as pessoas para não utilizarem equipamentos indevidos de pesca e não desmatarem, consumindo responsavelmente os recursos naturais.

Comunidade

O pescador Amaro Joaquim do Nascimento, 77, morador de Santa Rita, em Marechal Deodoro sabe os problemas causados pela poluição nos canais da região. Ele lembra que eram muitos os pescadores e, mesmo assim, não faltava camarão. “Acabou tudo. Colocaram uma droga no canal e, hoje, o peixe mal dá para o pescador almoçar. Nem para transportar turista a gente serve. Eles passam direto para o Francês e o Gunga e só vêm aqui para comer nos restaurantes e vão embora”, reclama. Quando soube da existência do barco-escola, Amaro Joaquim apoiou a iniciativa. “Eu acho muito bom que exista um projeto desses para a nossa comunidade, que ajude a educar nossas crianças a não poluírem as lagoas”, concluiu.

Do outro lado da ilha, na Barra Nova, o pescador Ednor Souza dos Santos, 63, também reclama da diminuição dos pescados. “Quando eu comecei a pescar, há 30 anos, a situação era melhor, mas agora está difícil. Não há estímulo para ser pescador, mas um projeto como esse do barco-escola é bom para ensinar a juventude a tratar melhor a lagoa”, diz. Outro pescador da Barra Nova, Edvaldo Silva da Costa, 63, mesmo concordando com a importância da educação para as crianças, identifica nos adultos a causa da poluição. “Veja o exemplo aqui dos bares do Canal da Prainha, que não deviam existir. Eles jogam as latinhas de cerveja, jogam tudo dentro da Manguaba. Não tem saneamento”, denuncia. Ele cobra uma fiscalização mais intensa para impedir isso. “O pescador que precisar sobreviver só da pesca, vai passar fome. A Barra Nova está se acabando”, profetiza.

As professoras da Escola Municipal Adelina de Carvalho Melo, na Santa Rita, e da Escola Municipal José Bispo ainda não tinham conhecimento do projeto, mas também elogiaram a iniciativa e se colocaram à disposição para contribuir. Uma delas sugeriu que o IMA indicasse, em cada escola, uma monitora para acompanhar o projeto. O pescador Amaro Joaquim do Nascimento também cobra a participação da comunidade: ele propôs que, em cada passeio do barco-escola, seja convidado um velho pescador para poder contar um pouco da história de cada lugar. Como o projeto está em fase de reajustes, espera-se que a integração com os moradores da região aconteça.

Chegaram novos livros na biblioteca da Fecom

Laise Moreira
Foto: Laise Moreira

A biblioteca da Faculdade de Educação e Comunicação (Fecom) recebeu até o mês de setembro cerca de 430 livros para os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Ainda estão previstos para chegar mais livros novos e mais exemplares dos que já tem no local.

Segundo a coordenadora dos cursos, Cristina Brito, todos os professores apresentaram uma lista de livros para que a faculdade adquirisse. “Eles nos informam quais os livros eles irão utilizar no plano de ensino e nós providenciamos os títulos. Compramos também mais exemplares dos que já tinham na biblioteca, aumentando assim a possibilidade do aluno encontrar disponível o livro que deseja”, disse ela.

Chegaram na biblioteca 15 exemplares do Manual de Radiojornalismo: produção, ética e internet de Maria Elisa e Heródoto Barbeiro; um exemplar de Como definir uma amostra numa pesquisa científica, de Eliseu Diógenes e Lavínia Suely Dorta Galindo; 12 exemplares de empresariais diante do novo consumidor, de Cleusa Gertrudes Gimenes Cesca e Wilson Cesca; Dois exemplares de Jornalismo Digital, de Pollyana Ferrari; 15 exemplares de Jornalismo Investigativo, de Luiz Amaral e Cleofe Monteiro de Sequeira; 15 exemplares de Redação Publicitária, de Tânia Hoff e Lourdes Gabrielli; 10 exemplares de Propaganda e Promoção Integrada da Marca, de Thomas C. O’Guinn, Chris T. Allen e Richard J. Semenik.

Ainda faltam atualizar muitos livros principalmente na área de jornalismo digital, mídias sociais e outros temas. Para a aluna do 8º período de Jornalismo, Mariana Lima essa medida foi providencial. “Muitos livros que eu preciso para o meu TCC chegaram, então foi muito bom para mim e para muitos colegas da faculdade também estavam precisando de livros novos”, contou ela.

Reservas de livros

Os alunos podem acessar a página da biblioteca no site http://www.fejal.br/biblioteca/ e verificar quais os livros que estão disponíveis e reservá-los. Cada aluno tem direito a três livros por vez e podem ficar com eles até sete dias úteis. Caso não devolva no dia, os alunos pagam uma multa de R$ 2 por livro e por dia de atraso.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Semana de Comunicação Alternativa movimenta a Fecom

Victor Brasil
Com informações do CA Graciliano Ramos

Os estudantes de jornalismo vão ter a oportunidade de compreender as novas perspectivas de se pensar comunicação. O tema será debatido, na teoria e na prática, na Semana de Comunicação Alternativa, que está sendo realizada desde a noite de ontem, e prossegue até a próxima sexta-feira (29) na Fecom.

A iniciativa do Centro Acadêmico Graciliano Ramos tem como objetivo destacar a importância da participação dos estudantes na busca pela revolução da sociedade com a transformação da educação, da qualidade de formação dos comunicadores e da representação popular na comunicação.

Em um espaço diferente do das salas de aula, os estudantes do 1º e 2º período de jornalismo do Cesmac, vão dar continuidade ao objetivo do movimento pela democratização da comunicação, que busca construir um modelo de comunicação que seja plural e socialmente referenciado se alternando a comunicação hegemônica.

A semana vai contar com oficinas práticas que vão resultar em produções para web, TV, impresso, rádio e fotojornalismo. Confira a programação:

Quarta-feira: Discussão da produção integrada, que agrega teoria e prática, ideologicamente importantes para o exercício da comunicação social.

Grupos de Discussões:
MECOM: Coletivo de Comunicação
DEMOCOM: Elida Miranda
QUALIDADE DE FORMAÇÃO DO COMUNICADOR: Fran Ribeiro

Quinta-feira: Os participantes irão escolher dentre os temas debatidos nos grupos de discussão sobre o qual irão produzir, com exceção de TV e fotografia que farão cobertura da semana.

OFICINA DE IMPRESSO - Facilitadora: Socorro
OFICINA DE WEB - Facilitadores: Silvia Falcão e Afrânio (estudante do 3º período.)
OFICINA DE VÍDEO - Facilitador: Rachel Fiuza
OFICINA DE RÁDIO - Facilitador: Humberto
OFICINA DE FOTOGRAFIA - Facilitador: Luis Cunha

Sexta-feira: Socialização dos resultados obtidos nas oficinas. Apresentação musical com Karine Moura e João Daniel.

Eleições: segundo turno mais tranquilo

Edberto Ticianeli

Mesmo com a crescente troca de acusações entre os candidatos Ronaldo Lessa (PDT) e Teotonio Vilela (PSDB), o segundo turno das eleições em Alagoas promete ser mais tranquilo. Pelo menos é o que espera o presidente do TRE/AL, desembargador Estácio Gama, que classificou como coisa do passado as grandes crises políticas e avaliou como natural os pedidos de tropas federais.

O Exército estará presente em Roteiro, São Luiz do Quitunde, Jequiá da Praia, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Batalha, Jacaré dos Homens, Minador do Negrão e Boca da Mata. A Secretaria de Defesa Social também divulgou o planejamento para o dia 31 de outubro, quando distribuirá 9 mil policiais militares e civis em todos municípios alagoanos.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Dário César divulgou que a PM vai atuar com 7.479 policiais. A região metropolitana de Maceió será policiada por 4.075 militares, enquanto 3.404 estarão no interior. Já o delegado-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco, vai distribuir 1.310 profissionais da segurança nas 13 regiões em que dividiu o estado.

Fraude

O fato novo dos últimos dias de campanha foi a representação que o PDT apresentou ao TRE/AL por suposta fraude nas urnas eletrônicas. De acordo com o partido de Ronaldo Lessa, teria havido um crescimento acentuado de votos rápidos no final da votação do primeiro turno. Isso teria acontecido em 1.065 seções, conforme os espelhos de boletins das urnas, que anotaram algumas votações com cerca de 40 segundos, entre as 16h e 17h.

O desembargador Estácio Gama encaminhou a denúncia ao Ministério Público Eleitoral (MPE), mas fez questão de frisar que esse tipo de problema tem que ser resolvido pelo partidos quando fizerem as fiscalizações das seções. "Os partidos reclamam dessa situação, mas eles devem colocar fiscais e a reclamação deve ser formalizada no primeiro turno e não no segundo turno", orientou o presidente do TRE/AL.

O PDT quer que o TRE convoque os mesários das 1.065 seções que apresentaram esse comportamento e cobre esclarecimentos. O partido denuncia que esses votos podem alterar significativamente o resultado das eleições. A coordenação de campanha de Lessa informou que está investindo para ter uma fiscalização mais efetiva no segundo turno.

Horário de Verão

O horário de votação no segundo turno será o mesmo do primeiro, entre as 8h e 17h. O esclarecimento foi dado pelo desembargador Estácio Luiz Gama de Lima, já que havia dúvidas se o horário de Alagoas teria que ser adaptado ao Horário de Verão adotado no Centro-Sul do País.

O TRE/AL também explica que é garantida, aos componentes das mesas receptoras de votos, das Juntas Apuradoras e dos escrutinadores, a dispensa do serviço pelo dobro dos dias da convocação oficial, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer vantagem. Para isso é necessário somente a declaração expedida pela Justiça Eleitoral.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Consciência jogada no lixo

De 1.400 toneladas de lixo produzidos por dia em Maceió, menos de 1% é aproveitado para reciclagem


Ana Paula Silva
Fotos: Ana Paula Silva e divulgação
Infográfico: Slum

A coleta seletiva em Maceió existe, porém menos de 1% do lixo produzido na capital é aproveitado pelos catadores das cooperativas que trabalham com a separação desse material. A Superintendência de Limpeza de Maceió (Slum) só recolhe o lixo reciclável nos bairros quando é acionada. Ou seja, o morador precisa solicitar o serviço, já que não é uma rotina do órgão fazer esse trabalho em todas as ruas da capital. Mas, e a população? Será que tem conhecimento desse serviço? Basta percorrer alguns bairros de Maceió para perceber que ainda não existe uma educação ambiental voltada para o reaproveitamento e reciclagem do lixo doméstico.

O radialista Orlando Batista, que mora no bairro do Farol, disse que pretende reunir os moradores do prédio onde mora para fazer um trabalho de coleta seletiva no condomínio, mas se surpreendeu quando soube que pode ser feita através de cooperativas ou da Slum. “Tenho vontade de fazer esse trabalho no condomínio, mas não sabia que podia acionar a prefeitura para coletar o lixo separado pelos moradores. É mais higiênico e o lixo pode ser aproveitado sem desperdício”. Já o jornalista Waldemir Rodrigues, morador do bairro da Jatiúca, faz a coleta seletiva há um mês e garante que é bom para quem faz e para o meio ambiente. “Primeiro pela praticidade, quando mistura o lixo orgânico com o reciclável não acomoda bem no saco acumula em demasia. Segundo é que você tem a oportunidade de fazer alguma coisa para não ver tanto desperdício”. Ele disse ainda que um caminhão da Slum passa todas as segundas-feiras no bairro.

De acordo com o superintendente da Slum, Ernandes Baracho, Maceió produz 1.400 toneladas de lixo por dia. Desse total, cerca de 800 toneladas são de lixo orgânico e o restante são entulhos e podas de árvores. Somente 1% desse lixo é recolhido pelos catadores nas empresas, residências e condomínios. “A população deve separar o lixo seco, que são latas, garrafas pets, plásticos, enfim todo material reciclável. É só juntar tudo e ligar para a Slum que um caminhão passa na rua para fazer a coleta”, explicou Baracho. O material recolhido pela prefeitura é doado para as cooperativas que fazem a separação do lixo e vendem para os atravessadores, donos de ferros-velhos que repassam para as fábricas de reciclagem de outros estados do Nordeste.

Apenas três cooperativas e uma associação de bairro trabalham com a coleta seletiva em Maceió: Cooplum (Cooperativa dos Recicladores de Lixo Urbano de Maceió), CoopVila (da Vila Emater), Cooprel (Cooperativa de Recicladores do Estado de Alagoas) e Ampita (Associação de Moradores do Bairro da Pitanguinha, que foi a pioneira). Além disso, são três caminhões da prefeitura disponíveis para auxiliar nesse trabalho e atender a comunidade nos dias previamente agendados com a Slum. De acordo com o coordenador da coleta seletiva em Maceió, Alessandro Alves Feitosa, a Cooplum e Cooprel recolhem por mês, cada uma, cerca de 50 toneladas de lixo. Dessa quantidade, os catadores só conseguem vender de 12 a 15 toneladas. “Os materiais como copo plástico, embalagem longa vida, revista, entre outros, não têm como ser repassados para os atravessadores pela falta de fábrica no nordeste para tratar esses resíduos e termina indo para o aterro sanitário, no Benedito Bentes”, explicou. Já Coopvila e Ampita recolhem de 5 a 6 toneladas por mês.

Para Alessandro Feitosa, a cidade de Maceió precisa de uma fábrica de reciclagem e de uma organização maior por parte dos cooperados. “Hoje as cooperativas não podem vender diretamente nas fábricas porque não tem a documentação necessária que exige uma empresa. Só agora que elas estão começando a se preocupar com isso”. O material que serve para reciclagem é vendido pelos atravessadores para Paraíba, Bahia e Pernambuco. Alessandro falou ainda que com a construção do aterro sanitário a prefeitura, através da Slum, está ampliando esse trabalho de coleta seletiva nos bairros, mas reconhece que é um processo lento. “É um trabalho de formiguinhas porque primeiro tem que educar a população. Ir de porta em porta para explicar como se deve separar o lixo. Tem gente que separa como recicláveis fraldas sujas e papel higiênico usado. Não é um processo que acontece do dia para a noite”, explicou.

Terrenos baldios

Já os terrenos baldios têm se tornado pontos de depósito de lixo em vários bairros da cidade. Na Avenida Jatiúca têm dois terrenos que foram tomados pelo lixo. Próximo à feirinha, moradores denunciam que carroceiros e feirantes jogam entulhos e restos de alimentos no local. “O mau cheiro aqui é insuportável, até restos de galinhas abatidas nas avícolas são trazidos para cá”, reclamou dona Maria José, moradora do bairro. Já em frente à farmácia Permanente, um terreno baldio que servia de depósito de lixo e de pneus velhos foi limpo e cercado. O problema agora é que as pessoas estão jogando o lixo na calçada. Sobre esse terreno Alessandro informou que dois donos de restaurantes já foram autuados pelos fiscais da Slum.

Cada gerador de lixo, empresas e residências, pode produzir até 100 litros de resíduos por dia. A partir dessa quantidade é preciso contratar uma empresa terceirizada para recolher o material. “Por isso que muitas empresas pagam aos carroceiros para jogar o lixo em terrenos. Outras estão aderindo à coleta seletiva, é uma maneira de economizar e ajudar ao meio ambiente”, explicou Alessandro. A Slum desenvolve ações educativas e palestras em condomínios e empresas que queiram aderir à coleta seletiva. Para isso, é necessário ligar para os números 3315-5002 ou 3315-2600 e solicitar a visita.

TAC

Em agosto de 2005, a prefeitura de Maceió assinou com os Ministérios Públicos Federal e Estadual um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) onde, dentre outras exigências, cabe ao município promover, implementar e operacionalizar uma política pública de coleta seletiva dos resíduos sólidos urbanos, e uma das metas é a implantação de um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) por bairro, o que totaliza cinqüenta PEVs. Hoje a população pode entregar sua coleta nos PEVs das redes Bombreço e Extra, no G Barbosa do Stela Maris, em frente à escola municipal Ana Coelho no bairro de Jacarecica, no PM Box do Stela Maris, na Unimed do Farol e na Universidade de Ciências Médicas de Alagoas (Uncisal).

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Idosos sobrevivem a dura realidade de Alagoas

Mesmo com direitos garantidos por lei, a maioria dos idosos enfrentam a realidade de serem excluídos da sociedade

Michelle Farias
Fotos: Michelle Farias

O envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social que atinge o ser humano na plenitude da sua existência, modificando sua relação com o tempo, com o mundo e com sua própria história. Assim, que chega aos 60 anos, são de certo modo, desprezados e excluídos da sociedade. Os idosos sentem na pela o retrato mais fidedigno do desprezo e da iniquidade.

O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, nas últimas décadas do s
éculo passado, mudaram o perfil demográfico do Brasil. Rapidamente deixamos de ser um “país de jovens” e o envelhecimento, a princípio, deveria ser uma questão fundamental para as políticas públicas.

A participação de idosos na população brasileira aumentou significativamente entre 1999 e 2009, um crescimento de aproximadamente 6 milhões de idosos ( pessoas com mais de 60 anos de idade). O dado faz parte da Síntese de Indicadores Sociais 2010 e retrata a tendência de envelhecimento da população brasileira. Hoje a expectativa do brasileiro é em média 75 anos.

Mesmo com todas as circunstâncias a favor do idoso que proporcionaram o aumento da expectativa de vida, volta e meia encontramos relatos de abando, humilhação, tortura. As famílias ainda não conseguem encarar a “velhice”, muitas por medo, outros não conseguem encarar um mal que está aparecendo com mais freqüência: o Alzheimer.

O Alzheimer é uma forma comum da demência. É uma doença degenerativa e que ainda não tem cura. Atinge normalmente pessoas com mais de 60 anos. O sintoma mais comum é a perda da memória. O que torna o convívio muito difícil com a família.

Dia a dia

A aposentada Zuleide Rodrigues Rocha tem 74 anos e reclama que para quem é independente, fica complicado admitir a terceira idade. “É muito complicado admitir que sou idosa. Sempre fui independente, e continuo saindo sozinha, pego ônibus, mas sempre tenho medo de atravessar as ruas, os motoristas não tem respeito, não dão passagem”, frisou a aposentada.

Ela conta ainda que sofreu uma queda quando estava caminhado na calçada, devido as irregularidades dos passeios públicos. “Estava sozinha quando cai, a calçada estava com vários buracos e eu não consegui me livrar de todos. Tive sorte de não ter quebrado nada”, desabafa a Srª. Zuleide.

Para tentar driblar os “males da velhice” a aposentada faz atividades físicas, caminhada todas as manhãs dentro do condomínio onde mora com a família. “Tenho que me cuidar, principalmente da minha saúde que já não é mais a mesma”, afirma a aposentada.

A maioria dos idosos reclamam, frequentemente, dos custos com remédios, o que compromete quase toda a aposentadoria. Mesmo com a ajuda que o governo oferece, em muitos casos eles não conseguem comprar todos os remédios que precisam, e com a carência de certos medicamentos na rede pública, a única alternativa é esperar.

Já o idoso Benedito dos Santos, preferiu se afastar do convívio da família, “Não confio na minha família, eles sempre quiseram meu dinheiro. Vi um caso recente de uma mulher que deixou a fortuna para a sua cadela, se eu tivesse uma também faria a mesma coisa”, desabafa Benedito.

Ele conta ainda que sua caminhada não foi fácil, e que sempre batalhou, possui duas empresas e imóveis, porém não tem herdeiros, e hoje briga na justiça para que sua família não desfrute dos bens. “Me isolei dos que se dizem “minha família”, é muito ruim quando as pessoas estão perto de você por conta de dinheiro. Ele só traz conforto, mas não felicidade. Por isso que não deixo nada pra ninguém”, frisou o empresário Benedito Ramos.

O idoso. identificado apenas como José, de 66, fala que foi abandonando pelo filho, que além de abandonar, deixou o pai na rua sem dinheiro. “Só tinha meu filho, e ele foi embora, levou os documentos que eu tinha. Já tentei ir para um desses abrigos, mas como não tenho dinheiro, nenhum me quer. Só Deus está comigo”, desabafa o morador de rua José.

Asilo

A palavra ‘abrigo’ e ‘asilo’ não é mais utilizada para identificar o local que muitos idosos preferem ou simplesmente são obrigados a passar o resto de suas vidas. Hoje esse termo deu lugar a casa de longa permanência. Em Alagoas são poucas as casas que funcionam com o mínimo de decência com o ser humano.

Essas casas sobrevivem, em sua maioria, de doações, porém os idosos que possuem condições financeiras para pagar, ajudam com o dinheiro da aposentadoria, a manter a estrutura das Casas. Um exemplo disso é a “Casa do Pobre”, localizada no bairro do Vergel do Lago, que abriga 80 idosos.

De acordo com a irmã Marilene, que cuida e organiza a Cada do Pobre, o limite mínimo de idade para o idoso conseguir entrar na Casa é de 60 anos. A instituição vive de doações e da ajuda de custo de cada morador do lar, que é o dinheiro da aposentadoria.

“Hoje a Casa do Pobre está com funcionando com o limite máximo, vivemos de doações de pessoas anônimas, do governo e do valor mínimo de aposentadoria de cada morador do lar. Mas infelizmente muitas vezes enfrentamos necessidades”, relatou a irmã Marilene.

Mas esse é um lar que possui qualidade, e atende as necessidades dos idosos. Porém essa é uma realidade muito diferente de outras instituições, que não conseguem atender a demanda, superlotam os locais e não consegue oferecer o mínimo de conforto.

“Além das dificuldades, também enfrentamos o abandono. Tem família que chega deixa seus parentes aqui e nunca mais aparecem. Isso é muito ruim para o idoso, que em sua maioria desencadeia um quadro de depressão”, desabafa a coordenadora da Casa do Pobre, Marilene.

Muitos idosos não conseguem vaga nessa casas de longa permanência, ou pelo fato de não ter condições financeiras para pagar ou porque as casa não tem vaga. A Secretaria Municipal de Assistência Social não permite que essas instituições recebam pessoas que menos de 60 anos, para que a casa não fuja do foco, que são os idosos.

“Essas casas são para os idosos, idade compreendida de 60 anos para cima. O que antes não acontecia. Nós temos a ciência que não são apenas os idosos, mas pessoas com certas limitações físicas e psicológicas que também precisam das casas de longa permanência, já que as famílias ou abandonam ou não tem condições para cuidar. O fato é que em nosso Estado, há poucas casas que abrigam essas pessoas, e com isso, temos que fazer certos tipos de restrições”, frisou o secretário municipal de assistência social, Francisco Araújo.

Mas há vários idosos vivendo em condições precárias nas ruas, sem casa, moradia, carinho, remédio. Ficam a mercê do próprio destino, a espera de família, e do principal: uma maior atuação do Poder Público, com estes que a sociedade infelizmente exclui.

Família

A maior dificuldade que os idosos enfrentam é o abandono da família. Muitos por não saber lidar com o envelhecimento, não têm paciência, e acabam desprezando. Outros passam do limite, e chegam a agredir fisicamente e psicologicamente.

Em 1994 o Brasil cria o Estatuto do Idoso, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que surge como excelência para garantir os direitos fundamentais e até o estabelecimento de penas para crimes mais comuns cometidos conta pessoas idosas.

A Lei 8.842, no seu Art. 3ª diz que é obrigação da família, comunidade, sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e a convivência familiar. Porém, percebemos que essa lei ainda não consegue garantir de fato os direitos conquistados por Lei. Ainda há carência do Poder Público para que seja feita uma maior fiscalização e assim, que possa ser garantido para quem tem mais de 60 anos uma maior qualidade.

Espetáculo de dança afro Oní Xé a Àwuré será apresentado sábado (23) em Bebedouro

Fonte: Assessoria

Após o sucesso de sua estreia no Teatro Deodoro e da apresentação na Praça Santa Tereza, no bairro de Ponta Grossa, o espetáculo Oní Xé a Àwuré será apresentado, gratuitamente, neste sábado (23) na Praça Lucena Maranhão, no bairro de Bebedouro, a partir das 21h.

O espetáculo é dirigido pelo dançarino, professor e coreógrafo Edu Passos e é baseado na Lenda de Oxalufã, transcrita por Pierre Verger, é formado por 22 jovens das escolas públicas de nossa capital, Alberto Torres, do bairro do Bebedouro e a Escola Estadual Professor Theonilo Gama, situada no bairro do Jacintinho. O espetáculo teve origem no projeto “Dança Afro-Brasileira nas escolas” premiado, pelo Ministério da Cultura, com o I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, sendo o único na região nordeste, e que consistiu na realização de oficinas de dança afro desde maio deste ano. Oní Xé a Áwuré também conta com as participações do cantor Igbonan Rocha, além dos músicos Denivan Costa, Paulinho Keita, Roberi Verçosa, Cristiano Borge e Thiago Felipe.

Após essa apresentação no dia 23 de outubro na Praça Lucena Maranhão, haverá outras mais 3 apresentações até o dia 06 de novembro.

Serviço:

Espetáculo Oní Xé a Àwúre

Apresentações em praça pública:
- Apresentação dia 23 de outubro, (sábado) na Praça Lucena Maranhão, em Bebedouro, a partir das 21h
- Apresentação dia 29 de outubro, (sexta) no projeto Mirante Cultural, no Jacintinho, a partir das 20h
- Apresentação dia 30 de outubro, (sábado) no Alto do bairro de Ipioca, a partir das 20h
- Apresentação dia 06 de novembro, (sábado), na Praça Sebastião Elias (vizinho à Companhia da PM) no Clima Bom, a partir das 20h

Realização: Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon)

Parceria: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Fundação Cultural Palmares

Patrocínio: Petrobras através da Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura), do Ministério da Cultura

Informações: (82) 9971-4281 / 3032-0489.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O mal por trás dos protestos

O hábito de queimar pneus traz danos, alguns irreversíveis, à saúde

Fabyane Almeida
Fotos: divulgação

Manifestações, protestos, atos públicos e reivindicações. Os transtornos do direito de uma classe que luta pelos seus objetivos vão além do impedimento do tráfego. Muitas vezes, os gritos e as bandeiras vêm acompanhados da fumaça de pneus queimados, usados para bloquear ruas e avenidas.

As ações usando a queima de pneus estão, cada vez mais, frequentes em Alagoas. No último dia 23, moradores da Grota Santa Helena, na Chã da Jaqueira, realizaram um protesto e atearam fogo em pneus sem imaginar que, por trás dessa ação, são causados danos à saúde não só de quem está na manifestação, mas das pessoas que estão no entorno. A prática causa, ainda, um prejuízo ao meio ambiente, já que libera grande quantidade de substâncias poluentes.

A queima de pneus é prejudicial ao meio ambiente e ao ser humano na mesma proporção. Por ser um derivado do petróleo, as substâncias liberadas na combustão são consideradas altamente tóxicas e, se inaladas com certa frequência, tornam-se um risco para a saúde também de quem vai conter a queima.

O pneu tem em sua composição orgânica hidrogênio, carbono e enxofre. Após a queima, produz gás carbônico, água e algumas substâncias cancerígenas: hidrocarbonetos poliaromáticos, dioxinas uranos e ácido benzeno, além de óxido de enxofre, que é prejudicial ao sistema respiratório por ser altamente tóxico.

Quando não há um armazenamento correto desses pneus, pode ainda causar outros riscos. Segundo o químico Mário Meneghetti, a queima de forma inadequada pode, ainda, contaminar o lençol freático. “Se houver um acúmulo de pneus em grande quantidade num único lugar e acontecer um incêndio, essa queima, além de gerar os gases, forma um óleo que, em contato com o lençol freático, polui a água que irá para as residências”, alertou.

A fumaça negra é uma das piores. Possui um material particulado, um pó muito fino que permanece no ar por um longo período e, lentamente, vai se depositando no ambiente. Por ser um poluente altamente potente, também prejudica o efeito estufa e produz a chuva ácida.

“Conter o fogo que é produzido pela combustão dos pneus é extremamente difícil, o adequado seria usá-los na queima em caldeira industrial como combustível na produção de cimento, com a utilização de filtros para reduzir a emissão de poluentes e minimizar o impacto ambiental” completou Mário Meneghetti.

Substâncias: de alergias até a morte

O corpo humano está suscetível a sofrer de várias doenças por causa das queimadas de pneus. Os problemas podem variar de simples irritações na pele a casos mais graves de intoxicação, que podem chegar à morte.

Apenas o primeiro contato com a toxina é suficiente para as pessoas que não têm nenhum tipo de problemas respiratórios desencadearem alergias. Qualquer indivíduo que esteja inalando a fumaça tóxica pode provocar alergia respiratória, como rinite, tosses e espirros.

O quadro pode agravar se o indivíduo já for asmático, produzindo uma crise, que provoca insuficiência respiratória. Segundo a pneumologista Fátima Alécio, qualquer pessoa que fique exposta a esse tipo de situação se tornará vítima do ar poluído. “As pessoas nem imaginam o quanto é tóxico à saúde. Quem tem tendência à insuficiência respiratória fica mais suscetível a ter infecções, a exemplo de gripes, viroses e até a pneumonia”, alertou Fátima Alécio.

Quanto mais próximas fiquem da fumaça, mais sensíveis as pessoas tendem a ficar, porque a exposição é proporcional ao tempo. Ou seja, quanto maior o tempo exposto a qualquer toxina, pior serão as consequências para quem está próximo à queimada. A poluição agride de todas as formas.

Durante a combustão é liberado monóxido de carbono que desenvolve reações, como: ardência nos olhos, que pode levar a conjuntivite; e ardência na garganta, podendo levar a tosse e inflamações; além das alergias na pele.

Se para toda ação existe uma reação, não é diferente com o corpo do ser humano, que possui um mecanismo de defesa para entrada das “partículas estranhas”. “Quando é inalada a fumaça tóxica, o pulmão reage, porque uma substância estranha e nociva está entrando na via aérea. A reação é para tentar expulsar o que está agredido, provocando uma reação inflamatória, o que ocasiona o ‘fechamento dos pulmões’. Esse é o mecanismo de defesa do pulmão, mas não pode ficar por um longo período, porque pode ocasionar uma parada respiratória. E as pessoas alérgicas têm maior tendência a esse problema”, alertou a pneumologista.

Militares podem ter asma ocupacional

Há riscos também para quem vai conter o fogo ateado nos pneus. Os policiais e bombeiros que estão sempre presentes em todo tipo de protesto podem desenvolver a asma ocupacional, que é produzida pelo frequente contato com o ar poluído. “Já teve casos de militares do Corpo de Bombeiro que morreram por intoxicação de monóxido de carbono, devido à exposição excessiva dos poluentes”, contou Fátima.

É um direito de cidadão respirar um ar puro, assegura a pneumologista. “Existem outras formas de protestar; não precisa poluir. Os manifestantes acabam prejudicando a saúde deles mesmos e das outras pessoas, além de contribuir para a poluição do meio ambiente”, completou Fátima Alécio, afirmando ficar preocupada com a situação dos seus pacientes diante desse tipo de substância tóxica.

SEM-TERRA - Já para quem faz da queima de pneu uma forma de reivindicar os seus direitos, essa toxina não é nada diante do que eles lutam. Segundo o coordenador estadual do Movimento de Libertação dos Sem-Terra, Márcio Antônio da Silva, a queima de pneus é usada para que eles não sejam agredidos. “Essa é uma forma de nos defendermos da reação das pessoas, construímos uma barreira na pista contra os motoristas e contra a polícia”, alegou.

Apesar de saberem que libera uma substância tóxica, continuam utilizando a forma de protesto. “Quando nós queimamos pneus, são poucos, não representa nada em relação aos outros poluentes que são liberados ao meio ambiente”, argumenta Márcio Silva.

Protestos agridem a fauna e a flora

Para o meio ambiente, a queima se torna um poluente poderoso que atinge agressivamente a fauna e a flora, piorando a qualidade do ar, das matas e dos corpos hídricos. Segundo o diretor técnico do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Gustavo Carvalho, a saúde do meio ambiente é tão afetada quanto a do ser humano, com o processo de queima. “A composição do pneu é derivada do petróleo. Se fizermos uma analogia, é como se estivéssemos queimando óleo”, explica.

Os danos ao ambiente, segundo explicou Carvalho, acontecem de forma que a fuligem do pneu cobre a flora, o que prejudica a respiração das plantas e dos animais.

O Ministério Público Estadual, em parceria com a Prefeitura de Maceió e com o IMA, vem realizando um mutirão que tem o objetivo de arrecadar pneus inservíveis na capital alagoana. Só no período de 22 de junho a 8 de julho, foram arrecadadas 80 toneladas de material, um total de 18 mil pneus de carro de passeio.

Agora, as equipes da Superintendênciade Limpeza Urbana de Maceió (Slum) percorrem as borracharias recolhendo os pneus que estão sem utilização, para que sejam levados para a fábrica Cimpor Brasil, em São Miguel dos Campos, que produz cimento. Os pneus serão utilizados como combustível, substituindo o carvão. “Essa é uma ação que busca a destinação adequada para os pneus, que, na maioria das vezes, são depositados em lixões e não têm uma decomposição rápida, gerando outros problemas ambientais”, completou Gustavo Carvalho.

A escuridão que ganha cores

Vencendo os obstáculos, crianças cegas superam preconceitos e conseguem ter uma vida normal

Fabyane Almeida
Fotos: Fabyane Almeida

Superação é uma palavra conhecida no universo das crianças que possuem deficiência visual. Para elas, dificuldades sempre vão existir, mas apoio, estímulo e acompanhamento da família são essenciais para vencer os obstáculos diários. Muitas crianças cegas sofrem com o preconceito da sociedade, que não os recebe com a atenção que merecem. Algumas são discriminadas dentro da própria casa e tornam-se crianças retraídas, com o desenvolvimento abaixo do esperado.

Para Alex Leite, de 12 anos, o fato de ele não poder ver não o torna uma pessoa infeliz. Alex é um dos que vêm se superando e hoje já consegue ter independência apesar da deficiência visual.

A deficiência do garoto foi identificada assim que ele nasceu, e o rápido diagnóstico contribuiu para o seu crescente desenvolvimento. Segundo Maria Vieira de Lima, mãe de Alex, é muito gratificante vê-lo superando seus limites. “Meu filho nasceu com a deficiência visual. Quando ele tinha 1 ano, eu o trouxe para a escola de cegos, onde aprendeu a ser uma pessoa independente”, disse.

A vida do garoto é cheia de sonhos. Ele está matriculado no sexto ano do Ensino Fundamental e participa de provas orais. Quando sente dificuldade com os assuntos, o menino pede ajuda à Escola de Cegos Cyro Accioly, que lhe oferece apoio. Alex vai da escola para sua casa acompanhado apenas dos amigos. “Eu sempre o deixei bem à vontade, orientando que descobrisse as coisas, para buscar a sua independência. E o Alex possui uma força de vontade de querer vencer que contribui para isso. Ele afirma que já está apto para andar só, mas eu ainda me sinto insegura com a violência na cidade”, completou a mãe.

Andar de bicicleta, nadar na piscina, jogar videogame e brincar no computador são coisas que o menino mais gosta de fazer em seu tempo livre quando não está estudando braile. “Eu sei cozinhar, já sei andar só. Vou ao supermercado, mas tenho medo de que me derrubem na escola, pelo fato de ela ser grande e ter muitos alunos. Agora, que ganhei uma bengala nova, vai ficar mais fácil de me locomover”, disse Alex.

Apoio escolar ajuda na inclusão

A Escola Estadual de Cegos Cyro Accioly dá o suporte necessário aos alunos deficientes visuais, como: leitura e escrita Braile; aulas de orientação e mobilidade, que favorece a independência, autoconfiança e integração social; aulas de Atividades da Vida Autônoma (AVA) onde são desenvolvidas atividades ligadas aos afazeres do cotidiano.

A escola promove trabalhos intensos para o desenvolvimento autônomo de cada pessoa que busca a inclusão no meio sociocultural. O apoio educacional vai desde estimulação psicológica a orientação de tarefas.

De acordo com a coordenadora da escola, Josira Silva, a criança, quando passa a frequentar as atividades, torna-se uma pessoa curiosa e acaba perdendo o medo do mundo externo. “A criança é alfabetizada no braile e recebe toda a base e preparação para que, a partir dos 4 anos, seja incluída numa escola regular. E depois ainda continua recebendo o apoio da escola na reabilitação e pedagogia”, disse a coordenadora da escola.

Cerca de 50 alunos estão inseridos nesse sistema. Segundo Josira, as crianças que perdem a visão gradativamente necessitam de um acompanhamento psicológico para aceitar a nova condição de vida. “Já a adaptação de quem nasce com a deficiência é mais fácil, porque ela nunca enxergou, não existe o sentimento de perda ou de limitação”, destacou.

Atividade física é fundamental

O professor Gedivaldo Bastos realiza um trabalho de estimulação com Débora Vitória, de 6 anos, no objetivo de fazê-la andar. Segundo ele, a atividade física tem destaque no desenvolvimento das crianças cegas.

A menina Débora não passou pela fase do engatinhar; por isso, ela tem muita dificuldade de locomoção. “A Débora caiu. Com isso, ela adquiriu um trauma que dificulta ainda mais. A nossa batalha é que ela tenha autoconfiança em si mesma”, disse o professor.

Devido ao trauma da queda que levou, Débora se recusa a tocar em objetos que não conhece. “A visão do cego é o tato. Então, ela se recusa a tocar em tudo que lhe é estranho. Mas, segundo a mãe, Débora se encontra bem mais relaxada em casa. Ela melhorou muito, respondendo cada vez melhor aos trabalhos com o arco e a bola, equipamentos que estimulam o som”, completou Gedivaldo Bastos.

Além do trabalho de estimulação, a menina também faz tratamento com fisioterapeuta, ecoterapeuta, fonoaudiólogo e psicólogo. Todos trabalham focados na parte motora e emocional, visando ao equilíbrio para que ela tenha mais força na hora de levantar e andar.

Exemplo de determinação

Limitação é uma palavra que não existe na vida de Izabelly Santos, de 8 anos, que nasceu prematura, teve deslocamento de retina e perdeu a visão. Mais conhecida como Belinha, ela é descrita pelos amigos como inteligente e fácil de fazer amizades. Ela está matriculada na alfabetização de uma escola regular e recebe o apoio da escola de cegos com aulas de reforço, orientação e mobilidade, além de educação física e aulas de hidroterapia e ecoterapia para melhorar o equilíbrio.

A mãe de Belinha, Siene dos Santos, não vê limitações na vida da menina. “Ela é bem articulada; tudo me pergunta, e faço questão de responder. Acompanho minha filha 24 horas por dia. Nós somos como irmãs; participo de todo processo de sua independência, porque penso num futuro sem a minha presença”, explicou.

“Muitos pais não aceitam o filho da maneira que são. Eles têm vergonha; ficam sem querer sair de casa. Quando saem, ou é muito cedo ou muito tarde para que ninguém veja ou faça muitas perguntas. Mas esses pais precisam entender que elas devem ter uma vida normal e, futuramente, uma profissão”, completou Siene.

A menina tem um cotidiano bem parecido ao das crianças que enxergam. Izabelly disse que seus dias são atarefados e que, além das inúmeras aulas que frequenta, também gosta de boneca e andar de bicicleta.

O braile produz conhecimento

O código braile é composto por uma combinação de pontos dispostos em uma célula de três linhas e duas colunas. Através da combinação desses símbolos, o deficiente visual pode realizar a leitura e a escrita de qualquer tipo de texto.

Atualmente, existem máquinas de escrever adaptadas para a confecção de textos em braile e computadores com programas adaptados de voz (dosvox) que conseguem transformar um simples comando de voz em um texto adaptado a esse mesmo código. O sistema braile abriu um campo de possibilidades que irrompe com as limitações impostas pelo corpo. Mesmo sem a visão do mundo material, os cegos podem produzir conhecimento, realizar projetos e, principalmente, sentir o mundo à sua maneira.

ESCOLA - A Escola Estadual de Cegos Cyro Accioly, localizada na Rua Pedro Monteiro, no bairro do Centro, atende a todas as pessoas que tenham qualquer tipo de deficiência visual. A escola oferece tratamento com psicólogas, aulas com professores de educação física, teatro e informática, além do reforço do material escolar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Curso prático de telejornalismo




































Nova turma nos dias 23 ( das 8h às 12h - 14h às 18h) e 24 de outubro (9h às 13h).

Exclusivo para jornalistas e estudantes de Jornalismo

Alunos bolsistas apresentaram seus projetos no III Congresso do Cesmac

Durante todo o congresso, os bolsistas apresentaram seus projetos científicos

Laíse Moreira

Os projetos do Programa Semente Iniciação Científica (Psic), foram apresentados durante o III Congresso Acadêmico do Cesmac, realizado no Centro de Convenções Ruth Cardoso, no período de 13 a 15 de outubro.
Foram apresentados 56 projetos do Psic, 13 projetos do Pibc e 15 da Fapeal pelos alunos bolsistas do Cesmac, que concluiram seus projetos com a apresentação dos banners.

Segundo o coordenador do Psic, Vinícius Holanda, a apresentação dos resultados finais dos projetos é de extrema importância para os alunos. “Eles têm a chance de mostrar para todo o Cesmac, o trabalho que foi realizado durante a vigência de 2009 a 2010”, disse o professor.

Questionado sobre a forma de apresentação desses projetos o coordenador afirmou que é a melhor forma de organizar as apresentações. “Com a apresentação dos banners, os alunos tem mais visibilidade, além de ficar muito mais dinâmico e descontraído”.

Todos os alunos que participam do programa, ao final de seus trabalhos, apresentam os resultados das suas pesquisas.

Ainda segundo o coordenador, o número de alunos que optaram por serem pesquisadores aumentou. “Neste ano 109 pesquisas foram cadastradas no nosso programa, é um sucesso”, disse Holanda.

Uma boa notícia para os novos pesquisadores, foi o aumento dos valores das bolsas, que em 2009-2010 pelo Psic era de R$ 200,00, agora é de R$ 240,00 e a do Pibic que era de R$ 300,00, agora é de R$ 340,00.

“Alguns alunos entram no programa pelo apoio financeiro sim. Mas alguns vêem nesse projeto um começo para sua vida profissional e acadêmica”, concluiu.

As inscrições para fazer parte de um desses programas (Psic, Pibic ou Fapeal) são realizadas no meio do ano. Informações através do site http://www.cesmac.com.br/semente/.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Seminário abre na segunda-feira Semana Nacional da Comunicação

Um seminário sobre a democratização da comunicação, marcado para segunda-feira, às 19 horas, no Teatro-Auditório dos Bancários, abre em Alagoas a Semana Nacional da Comunicação, que transcorrerá entre os dias 18 e 23 deste mês.

Durante o evento, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas e outras entidades da sociedade civil, será elaborada uma carta para os candidatos ao governo do Estado, cobrando-lhes compromisso com o que foi aprovado nas conferências estadual e nacional de Comunicação, realizadas no ano passado.

A criação do Conselho Nacional de Comunicação e a exigência de diploma para os jornalistas são duas decisões tiradas na Conferência Nacional (Confecom), as quais precisam ser viabilizadas pelo governo e o Congresso. Os dois itens estão no slogam da Semana Nacional da Comunicação coordenado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e são vistos pela entidade como regulamentações necessárias à democracia.

No âmbito estadual, uma das principais deliberações da Conferência Estadual (Conecon) foi a trasformação do Conselho Estadual de Comunicação em um fórum deliberativo, ao invés de consultivo, o que depende de projeto de lei do governo a ser enviado à Assembléia Legislativa. Os jornalistas também reivindicam a criação da carreira e concurso público nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O Seminário de segunda-feira vai reunir profissionais da imprensa, parlamentares, estudantes, professores, lideranças sindicais, lideranças comunitárias e representantes dos três poderes. A carta para os candidatos ao governo deve ser entregue na quinta-feira, dia 21, em local a ser definido com suas assessorias.

Fonte: Sindjornal

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cesmac realiza Seminário Nacional de Direito Agrário

Ascom Cesma

O Centro Universitário Cesmac promove a partir desta quinta-feira (14) o Seminário Nacional de Capacitação em Direito Agrário. O evento faz parte da programação do III Congresso Acadêmico do Cesmac cujas atividades vão do dia 13 a 16 de outubro, no Centro Cultural e de Exposições de Maceió, no Jaraguá.

O Seminário, que tem como objetivo discutir a questão agrária brasileira e a função do direito como instrumento de mudança social, vai reunir as maiores autoridades nacionais sobre o tema. Além de juízes e promotores das varas agrárias do País, contará com a presença do juiz Marcelo Berth, coordenador do Fórum Nacional Agrário do Conselho Nacional de Justiça, e do desembargador Gercino José da Silva Filho, presidente da Ouvidoria Agrária Nacional.

“Como se pode perceber, o Seminário vai além do interesse imediato da comunidade estudiosa do Direito, para entrar no âmbito da sociedade, história, economia e política”, afirma o professor doutor Luis Sávio de Almeida, organizador do evento, coordenador do Núcleo de estudos e Pesquisa sobre Direito, Sociedade e Violência do Cesmac.

Na programação de amanhã (14), a partir das 9h, a juíza Cláudia Regina Moreira Favacho Moura, da Vara Agrária de Marabá discutirá sobre A Estrutura Fundiária Agrária Nacional, Direito e Conflito. Em seguida, será a vez do professor doutor e economista (UFAL), Cícero Péricles de Carvalho abordar A Estrutura Fundiária e Agrária de Alagoas. No encerramento dos trabalhos pela manhã, Marcelo Berth falará sobre a experiência do Fórum Nacional Agrário.

À noite, a partir das 19h, as atividades serão retomadas com a explanação da professora Maria de Oliveira, ex-ouvidora Agrária Nacional Substituta, sobre a A Tipologia do Conflito Agrário no Brasil e sua Distribuição Territorial. Em seguida, vem o professor Tácito Yuri de Melo Barros, promotor de Justiça da Vara Agrária de Alagoas, para discutir a Tipologia do Conflito Agrário no Brasil, sob a ótica do Direito e do Poder.

No dia 15, a partir das 9h, As Famílias no Direito Agrário, Conciliação e Base da Mudança Social no Campo será o tema abordado pelo professor Carlos Cavalcanti de Albuquerque Filho, juiz e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Direito Sociedade e Violência do Cesmac. Logo em seguida, o professor e juiz, Rubens de Mendonça Canuto Neto, discutirá O Conflito Agrário no âmbito da Justiça Federal. No fim da manhã, o procurador de Justiça, Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das Promotorias agrárias de Minas Gerais, vai discorrer sobre As Características Políticas dos Conflitos Agrários no Brasil.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Em outubro, Cine Sesc 19h traz filmes sobre história, política e educação

Com entrada franca, a programação traz os filmes Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá, Terra Estrangeira, Pro Dia Nascer Feliz e Entre os Muros da Escola

Ascom SESC AL

Para pôr em debate as relações existentes entre a história, a política e a educação, o Sesc Alagoas realiza, através do Cine Sesc 19h, uma mostra de filmes sobre o tema. As exibições acontecerão durante as quintas-feiras de outubro (07, 14, 21 e 28), sempre às 19h, no Teatro Sesc Jofre Soares (Sesc Centro), com entrada franca.

A mostra História, Política e Educação traz quatro filmes: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá, Terra Estrangeira, Pro Dia Nascer Feliz e Entre os Muros da Escola.

Dirigido por Silvio Tendler, Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá trata do processo de globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos, que, por suas ideias e práticas, inspira o debate sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo.

Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas, um filme de ficção, mostra, através da desolação de diversas pessoas, as consequências e o caos após o confisco da então Era Collor.

Dirigido por João Jardim, diretor do cultuado documentário Janela da Alma, Pro Dia Nascer Feliz traz, através de uma investigação do relacionamento do adolescente com a escola, questões comuns a qualquer adolescente dentro do ambiente escolar, como a desigualdade social e o impacto da banalização da violência no desenvolvimento de muitos desses jovens.

Entre os quatro filmes que compõem a mostra, Entre os Muros da Escola é o único que não é dirigido por um brasileiro. O longa-metragem francês, vencedor da Palma de Ouro em Cannes (2008), tem a direção assinada por Laurent Cantet. Embora o tema não seja inédito no cinema, o filme retrata de forma cuidadosa como pode ser complexa a relação entre alunos e professores, mostrando as razões de cada lado. Por essa razão, sempre que é exibido cumpre seu papel: o de estimular a reflexão e o debate entre os espectadores.

SERVIÇO

Cine Sesc 19h – Mostra História, Política e Educação
Data: 07, 14, 21 e 28 de outubro
Local: Teatro Sesc Jofre Soares, Sesc Centro (Rua Barão de Alagoas, 229, Centro)
Horário: 19h
Entrada franca
Mais informações: 0800 284 2440 e 3326-3133

O que os olhos não veem em...

Fabyane Almeida
Foto: Fabyane Almeida

Com o objetivo de incentivar um olhar diferente que o cotidiano não consegue ver, os alunos do 2° período do curso de Jornalismo apresentaram na última sexta-feira (24), no pátio da Faculdade de Educação e Comunicação do CESMAC (Fecom), os trabalhos da disciplina Conhecimento Científico em Comunicação.

Os trabalhos foram coordenados pelo professor Zoroastro Neto, que proporcionou aos alunos o desafio de estarem inseridos no contexto da pesquisa, porém de uma forma didática. “A idéia desse trabalho era que cada grupo pesquisasse sobre um bairro e realizasse qualquer tipo de registro histórico, gastronômico ou cultural”, disse Zoroastro Neto.

Centro, Pajuçara, Bebedouro, Jaraguá, Jacintinho, Trapiche, Ponta Grossa, o município de Capela e a praia do Frances, foram os escolhidos pelos 35 alunos que desenvolveram a pesquisa e apresentaram em diversas formas como: banneres, fotografias, vídeos-documentários e depoimentos.

Para o estudante Marcel Vital, que apresentou o trabalho sobre o bairro da Ponta Grossa, destacou que essas oportunidades são de extrema importância. “A minha equipe apresentou em forma de vídeo-documentário. Nós escolhemos a Ponta Grossa porque é conhecido como um bairro violento, onde as pessoas vivem amedrontadas com a violência. Nós buscamos algo diferente e conseguimos mostrar que mesmo sendo um bairro descriminado, também possui pontos positivos e várias curiosidades”, explicou o estudante que disse ter perdido o medo e ao mesmo tempo conseguiu ampliar o conhecimento sobre o bairro.

Ainda segundo Zoroastro Neto, “As apresentações foram muito além das minhas expectativas. Eles desenvolveram toda a estrutura da pesquisa, colheram dados e transformaram em resultado na prática. Todos tiveram um resultado positivo, se envolveram com o trabalho e isso me deixou muito feliz”, completou o professor.