IMA faz ajustes no projeto antes do barco-escola entrar em funcionamento regular
Edberto Ticianeli
Fotos: Edberto Ticianeli
Após o passeio inaugural, no dia 23 de setembro, que apresentou o barco-escola aos universitários, jornalistas e professores, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas vem estudando a experiência para poder iniciar, com regularidade, as aulas do projeto Navegando com o Meio Ambiente. A iniciativa é coordenada pela Divisão de Educação Ambiental do IMA e teve o apoio da Braskem na construção do barco, que tem capacidade para 100 pessoas.
A equipe de professores do barco é composta por dois biólogos, um geógrafo e um educador ambiental. Eles farão três passeios semanais com alunos da rede pública, para que conheçam o estuário das lagoas Mundaú e Manguaba, e a situação de degradação de alguns dos seus pontos, como o canal do Trapiche. O IMA pretende segmentar esse público em crianças, estudantes do nível médio e universitários.
O diretor-presidente do IMA, Adriano Augusto de Araújo Jorge, faz a previsão de que em um ano, mais de 15 mil alunos e mil professores já terão participado do projeto. “O nosso maior interesse é dar oportunidade para as pessoas conhecerem, para que elas se apaixonem e peguem para si a responsabilidade de preservar”, conclama. Ele espera, ainda, que a iniciativa sensibilize as pessoas para não utilizarem equipamentos indevidos de pesca e não desmatarem, consumindo responsavelmente os recursos naturais.
Comunidade
O pescador Amaro Joaquim do Nascimento, 77, morador de Santa Rita, em Marechal Deodoro sabe os problemas causados pela poluição nos canais da região. Ele lembra que eram muitos os pescadores e, mesmo assim, não faltava camarão. “Acabou tudo. Colocaram uma droga no canal e, hoje, o peixe mal dá para o pescador almoçar. Nem para transportar turista a gente serve. Eles passam direto para o Francês e o Gunga e só vêm aqui para comer nos restaurantes e vão embora”, reclama. Quando soube da existência do barco-escola, Amaro Joaquim apoiou a iniciativa. “Eu acho muito bom que exista um projeto desses para a nossa comunidade, que ajude a educar nossas crianças a não poluírem as lagoas”, concluiu.
Do outro lado da ilha, na Barra Nova, o pescador Ednor Souza dos Santos, 63, também reclama da diminuição dos pescados. “Quando eu comecei a pescar, há 30 anos, a situação era melhor, mas agora está difícil. Não há estímulo para ser pescador, mas um projeto como esse do barco-escola é bom para ensinar a juventude a tratar melhor a lagoa”, diz. Outro pescador da Barra Nova, Edvaldo Silva da Costa, 63, mesmo concordando com a importância da educação para as crianças, identifica nos adultos a causa da poluição. “Veja o exemplo aqui dos bares do Canal da Prainha, que não deviam existir. Eles jogam as latinhas de cerveja, jogam tudo dentro da Manguaba. Não tem saneamento”, denuncia. Ele cobra uma fiscalização mais intensa para impedir isso. “O pescador que precisar sobreviver só da pesca, vai passar fome. A Barra Nova está se acabando”, profetiza.
As professoras da Escola Municipal Adelina de Carvalho Melo, na Santa Rita, e da Escola Municipal José Bispo ainda não tinham conhecimento do projeto, mas também elogiaram a iniciativa e se colocaram à disposição para contribuir. Uma delas sugeriu que o IMA indicasse, em cada escola, uma monitora para acompanhar o projeto. O pescador Amaro Joaquim do Nascimento também cobra a participação da comunidade: ele propôs que, em cada passeio do barco-escola, seja convidado um velho pescador para poder contar um pouco da história de cada lugar. Como o projeto está em fase de reajustes, espera-se que a integração com os moradores da região aconteça.
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