quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Liberdade virtual

Como o software livre, aos poucos, encontra espaço no mercado
José Aragão  - 6º período de Jornalismo




Navegador de internet Firefox é considerado software livre / REPRODUÇÃO
 Você já pensou em  fazer parte de uma revolução que poderia acabar com  grandes corporações? Não? Pois se você usa programas virtuais como o navegador de internet Firefox ou a suíte de escritório BR-Office, saiba que já está fazendo parte de uma: o software livre.
Em  Maceió, o sistema operacional Linux está sendo bem aceito pelos que desejam  comprar um  computador, mas por um  motivo implícito. “Os clientes compram  o computador com  Linux  pelo preço baixo, depois instalam  o sistema Windows”, afirmou Cleane Roberta, uma das coordenadoras da RN Informática. Fábio Vieira Barroso, monitor da Casa do Cartucho do Maceió Shopping, diz que a mesma coisa acontece na loja. “As pessoas pedem pelo computador e, quando avisamos que o sistema operacional é o GNU/Linux, elas falam: ‘ah, tá. Depois eu troco ”.
Além  disso, a competição entre os dois sistemas é difícil, uma vez que, ainda de acordo com  Fábio Vieira, a diferença de preço entre um  computador com  Linux e um  com o Windows, é em  torno de 200 reais a mais. Isso porque o Linux é um  software livre que, além  de ter seu código fonte aberto e disponível, não precisa de licenças para ser distribuído. Na loja de informática Suprifitas, por exemplo, o vendedor Carlos Eduardo Ribeiro dos Santos afirma existir  uma venda positiva das máquinas com o sistema de código fonte aberto, declarando uma média de “10 a 12 máquinas vendidas ao mês”.
Numa definição criada pela Free Software Foundation, software livre é qualquer programa de computador que tenha seu código-fonte disponível para uso sem restrições. Isso acarretaria na liberdade para qualquer usuário, que saiba manipular códigos virtuais, estudar, modificar e expandir o programa. Para entender melhor, é necessário visualizar um software como um agrupamento de idéias e estudos. Esse agrupamento é codificado e protegido, de modo que apenas quem possui seu código-fonte poderia acessá-lo. Dessa forma, o programa pode ser comparado como um  baú, cheio de riquezas, enquanto o código-fonte torna-se sua chave.

Empresas como a Microsoft negam o acesso a esta chave, limitando o usuário a utilizar apenas o que ela disponibiliza, ato considerado uma estratégia mercadológica, obrigando seus clientes a pagarem pelas novas versões e modificações. Esta estratégia serve também para impedir que empresas competidoras lucrem em cima de anos de estudos, e grandes quantias de dinheiros investidos em desenvolvimento.

Um pouco de história

  No ano de 1983, o hacker Richard Stallman deu início ao Projeto GNU, com o objetivo de criar um  sistema operacional que seguisse as quatro regras fundamentais do software livre: liberdade para executar qualquer programa, para qualquer propósito; liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades; liberdade de redistribuir, cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo; e liberdade de modificar o programa, e liberar estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie.

Richard Stallman e Linus Torvalds
REPRODUÇÃO

Embora motivado, Stallman e sua equipe não conseguiram  desenvol ver um  núcleo que suportasse os programas criados. As peças estavam  todas lá, mas faltava uma parte final, e mais importante, do quebra-cabeça. O impedimento foi apenas resolvido quando o hacker e engenheiro de software, Linus Torvalds, criou o Linux, em 1991. O núcleo criado por Torvalds suportava todos os programas do Projeto GNU, de modo que os dois se fundiram e foi criado o sistema operacional GNU/Linux, que muitos intitulam  apenas de Linux.

A Voz dos Usuários

Os que usufruem  do sistema GNU/Linux  afirmam  que uma das vantagens é a pouca quantidade de vírus criados para o sistema. “A maioria dos vírus são criados para Windows, o que torna o uso do GNU/Linux uma opção muito mais segura”, afirma o cinegrafista e editor Abednego Ferreira. Entretanto, ele usou o sistema operacional de código aberto durante pouco tempo, pois os programas usados pelo editor não são compatíveis. Além  disso, ele afirma não conhecer nenhum  software para GNU/Linux que ofereça um  desempenho tão bom  quanto os rodados nos sistemas Windows.

O designer Jorge Santos, confessou ter cogitado usar o GNU/Linux, uma vez que as novas versões do sistema operacional da empresa Microsoft, o Windows, parecem  não estar oferecendo melhoras significativas. “Posso até usar o Linux, pois, até agora, o Windows ficou estagnado em  sua versão XP. Todos os novos sistemas oferecidos pela empresa não apresentam  melhor desempenho, além  de serem  programas muito pesados.”, declarou.

É claro que muitos nem  cogitam fazer a transição dos sistemas operacionais privados para os livres. Edberg Calheiros, estudante de Publicidade, contou que já teve uma experiência desagradável com  o produto, afirmando que “não gostou nada dos serviços oferecidos”. “Meu notebook veio com  ele já instalado, mas mandei tirar imediatamente. É muito complicado.”, completou o futuro publicitário.

Software livre para o trabalho




Funcionários do Interjornal usam o sistema Ubuntu para cadastrar notícias

 CRÉDITO: José Aragão

 Enquanto isso, as empresas parecem  estar aderindo cada vez mais aos sistemas trabalham  com o núcleo Linux, especialmente as que usam  muitos computadores. O produto Interjornal, banco de dados e notícias do grupo InovSi, é uma dessas empresas. Ela adotou o sistema operacional de código aberto Ubuntu, que tem o Linux como núcleo de seus programas. O diretor do grupo InovSi de Maceió, Celso Rubens de Carvalho Xavier, afirma que a escolha do sistema operacional foi uma escolha financeira. “O fato de não ter necessidade de uma licença foi o atrativo principal. Temos mais de 15 máquinas, e pagar uma autorização para cada um  deles não é viável”, declarou o diretor. Em  sites de venda online, o valor do Windows XP Professional Português, um  dos mais usados, custa em média 600 reais.

GNU/Linux é usado em um dos servidores da produtora
CRÉDITO: José Aragão

O bacharelando de Análise de Sistemas, Paulo Pimentel, revela que o GNU/Linux é sua melhor ferramenta de trabalho. “Uso todo dia, pois confio no sistema. Ele é gratuito, posso fazer as modificações necessárias e o melhor de tudo: sem  vírus algum”, afirmou o estudante.  Já Fernando Guedes, produtor da empresa de vídeo profissional Preview, confessou que não utiliza o GNU/Linux pessoalmente, porém, confia no sistema o suficiente para armazenar boa parte dos arquivos da empresa, considerando-o “um  sistema seguro e estável”.
As Lojas Maia também  seguem  o exemplo, usando o software como sistema operacional de seus caixas. O motivo é o de sempre: segurança, estabilidade e gratuidade. Três adjetivos difíceis de encontrar no mundo virtual.

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