terça-feira, 5 de abril de 2011

Está faltando o fotógrafo na sucessão de Maceió

Edberto Ticianeli

Edberto Ticianeli (Foto: Arquivo)
Depois dos desencontros que terminaram por espatifar o acordo de Brasília - aquele que formou o Chapão, no início de 2010, com Fernando Collor, Ronaldo Lessa, Renan Calheiros, Cícero Almeida, Benedito de Lira e Joaquim Brito -, tem muita gente olhando com desconfiança para os primeiros movimentos que articulam a sucessão na prefeitura de Maceió. Tem razão quem age assim.

Primeiro, porque ainda é muito cedo para definições de uma eleição que só acontecerá em outubro de 2012. Muita coisa ainda pode acontecer, com influência na montagem das chapas. Por exemplo, pode haver alteração na legislação proibindo as coligações proporcionais ou, ainda, definições sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa. A reforma política – se é que assim podemos chamar as alterações nas regras eleitorais e partidárias – também discute a possibilidade de termos votação em lista fechada e o voto distrital. Qualquer alteração nas regras do jogo vai provocar a necessidade de adaptações nos projetos eleitorais.

Em segundo lugar, porque essa aparente antecipação de montagem de alianças eleitorais obedece, nesse momento, às necessidades do prefeito Cícero Almeida (PP), que tenta fugir do isolamento e da ameaça de uma rasteira armada pela Câmara, utilizando a sua mais forte moeda de troca: fica até o final do mandato no cargo e faz o seu sucessor. Com isso ele traz o PDT de volta ao governo e oferece a Lessa a possibilidade de ser o prefeito de Maceió a partir de 2013.

De olho em 2014

E os interesses dos que estão de olho em 2014? Na realidade, o que está acontecendo agora já é parte do jogo de 2014. Collor sabe que a batalha pelo senado contra Theo Vilela será dura. Vilela se afasta do governo para se candidatar ao senado, mas deixa José Thomaz Nono comandando o Estado e trabalhando para sua eleição. Collor precisa da Prefeitura de Maceió como base de apoio para ter chance na disputa. Se Almeida é afastado pela Câmara de Galba Novaes (PRB), aliado de Collor, quem assume o comando do município é Lourdinha Lyra (PRB), também do grupo collorido. Nessa situação crescem as chances de eleição de Galba Novaes para prefeito e Collor para senado em 2014.

Enquanto Vilela e Collor se digladiam antecipadamente pela vaga do senado, Renan Calheiros (PMDB) observa com muito carinho a possibilidade de sentar na mais importante cadeira do Palácio Zumbi dos Palmares. Percebe que as suas chances são boas, até pela ausência de um grande nome para disputar com ele. Se ajudar a eleger Ronaldo Lessa para prefeitura de Maceió em 2012, vai fazer uma dobradinha, em 2014, com Collor para o senado. Nessas circunstâncias, são amplas as suas possibilidades de vitória.

O bloco capitaneado pelo tucano Theo Vilela deverá apostar suas fichas para a prefeitura de Maceió em Rui Palmeira (PSDB) ou Givaldo Carimbão (PSB), dois deputados federais que tiveram boa votação na capital. Esse grupo ainda não tem um nome forte para suceder Vilela. Se conseguirem eleger Rui Palmeira prefeito de Maceió, ele se habilita a também disputar o governo. Seria a melhor solução tucana, sem esquecer que Alexandre Toledo também espera ter sua chance de comandar Alagoas.

Já dá para tirar uma foto? Ainda não. Esse quadro vai sofrer modificações e novos projetos podem surgir. Mas vale a pena especular um pouco com as tendências, sem esquecer que política em Alagoas, não é para amadores.

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