quarta-feira, 11 de maio de 2011

Seminário debate identidade indígena do Nordeste brasileiro

*Jorge Vieira

Prof. Jorge Vieira
(Foto: Arquivo Pessoal)
Estudiosos e alunos da Universidade de Grenoble, França, participapam do segundo ciclo de debates no Seminário “L’Amérique Latine aujour’hui” (A América Latina Hoje), com a conferência da Dra. Erika Thomas sobre a “Indianités e religiosités: penser avec lês images l’Amérique Latine”, realizado no último dia em 10 de maio, no anfiteatro Maison de Sciences de l’Homme – Alpes, apresentando em seguida o documentário: “Tapebas e autres indiens du Ceara entre mémorie ET reconquete”.


O conteúdo desenvolvido inicialmente pela conferencista apresentou os primeiros séculos de colonização portuguesa, destacando imagens antropofágicas dos indígenas e da indumentária européia, seguidas por indígenas do centro-oeste brasileiro, Xavante e Bororo do Estado Mato Grosso em contato com Marechal Rondon. Em paradoxo ao imaginário do indígena silvícola, apresentou o processo atual de afirmação étnica e de luta pela conquista do território tradicional dos povos do Ceará, Tabepa e Jenipapo-Canindé.

Constata-se que o conteúdo exposto está inserido no contexto da abordagem antropológica atual, na perspectiva conceitual de tratar a cultura e a identidade no processo ininterrupto de mudança e ressignificação de signos, valores, costumes, idioma e da própria territorialidade.

Respeitando a originalidade do texto em francês, a “Indianidade e religiosidade: pensar com as imagens da América Latina”, esse tema confirma, em nível internacional, a produção teórica dos pesquisadores do Centro Universitário Cesmac, com projetos de Iniciação Científica e Extensão, publicação de livros e artigos científicos, tendo como base as linhas de pesquisa sobre a memória e a etnogênese das populações afrodescendentes e indígenas no estado de Alagoas.

Durante o debate, o prof. Luiz Cunha comparou as imagens expostas à uma publicada na década de 1940, na antiga revista O Cruzeiro, do fotógrafo francês Jean Manzon, expressando a revolta indígena frente aos invasores europeus.

Duas outras questões ainda foram levantadas para a conferencista, sobre o papel da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) no processo de demarcação dos territórios indígenas e sobre a emergência étnica no Nordeste brasileiro, visto que até a década de 1970, assas populações eram consideradas extintas pela sociedade nacional.

A Dra Erka lembrou a importância da Constituição brasileira de 1988, no que se refere à garantia dos direitos indígenas e, contraditoriamente, a inoperância do órgão executor da política indigenista oficial. E, por últimos, destacou a relevância da abordagem científica sobre o fenômeno da emergência étnica, inclusive para os pesquisadores europeus.

* É professor do Cesmac e atualmente está fazendo doutorado na Université Grenoble 3, França.

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